Cidade da Praia, 11 Mai (Inforpress) – A União Nacional dos Trabalhadores-Central Sindical (UNTC-CS) denunciou hoje alegado tratamento discriminatório por parte da Televisão de Cabo Verde (TCV) em relação à central sindical ao não cobrir as suas conferências de imprensa.
Em conferência de imprensa, a secretária-geral da UNTC-CS, Joaquina Almeida, informou que na qualidade de parceiro social denunciou junto do Governo a “tentativa da TCV de silenciar” a central sindical e este, por sua vez, mandou recorrer à Agência Reguladora da Comunicação (ARC), dizendo que “nada pode fazer”.
“Por diversas vezes a TCV tem recusado dar cobertura às conferências da UNTC-CS, que são do interesse público, particularmente dos trabalhadores cabo-verdianos. A TCV deve garantir, para além do direito de resposta, o direito de esclarecimento e de rectificação para correcção de qualquer erro material ou referência inexactas contidas na notícia”, disse, assegurando que vão remeter uma queixa à ARC.
Para Joaquina Almeida, a televisão pública “tem o dever de garantir” uma informação “ampla, isenta, objectiva, verdadeira, plural e sem discriminação”, uma vez que ela é “paga com o dinheiro de todos os utentes”, através da lei que institui a taxa de rádio e de televisão, cobrada pelos serviços da Electra.
A secretária-geral da UNTC-CS criticou ainda que há falha na linha editorial desta empresa de comunicação, uma vez que a TCV “limita para uns dois minutos e para outros quatro ou cinco minutos” para cada peça.
Para a mesma, a linha editorial da TCV deveria ter “orientações válidas” para todas as instituições, partidos políticos, centrais sindicais e organizações da sociedade civil, e “não definir critérios de acordo com interesses pessoais ou políticos”.
Joaquina Almeida lembrou que nesta situação da pandemia do novo coronavírus e do estado de emergência os trabalhadores “não têm outro meio de recurso ou de amparo para denunciar as violações dos seus direitos” que não sejam os sindicatos ou a central sindical.
Exemplificou que no passado dia 29 de Abril enviaram uma nota à TCV informado de uma conferência de imprensa no dia 30, uma vez que entenderam que alguns aspectos da conferência dada pelo Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), no dia 28, mereciam esclarecimentos e correcção para os trabalhadores e o público em geral.
Contudo, informou, todos os demais órgãos de imprensa compareceram com excepção da TCV, alegando que a UNTC-CS não tem direito de resposta.
“Reformulamos a nota e enviamos, mas ainda assim a TCV recusou-se a comparecer e o director foi taxativo ao dizer que não vale a pena corrigir nada porque a televisão não vai; resolvam os vossos problemas com o INPS; recebemos uma nota dizendo que a UNTC-CS está impedida hoje de dar conferências ao abrigo do artigo 16º dos estatutos do INPS”, denunciou.
Neste sentido, Joaquina Almeida questionou “quem enviou a nota para a TCV, proibindo-a de ir à conferência da UNTC-CS, se a direcção da TCV está a ser subordinada às ordens dessa pessoa ou instituição que enviou a essa nota, ou se estará a direcção politizada”.
Para além dessa situação, disse que por várias vezes a TCV não aparece nas conferências, alegando falta de meios ou de recursos técnicos.
Em reacção, o director da TCV, António Teixeira, pediu a secretária-geral da UNTC-CS para abrir o site da estação televisiva e fazer uma análise de todas as notícias divulgadas nos últimos dias relacionadas com essa central sindical.
Advertiu que toda a empresa de comunicação têm um critério de selecção das informações e que há coberturas que fazem de assuntos que consideram ser pertinentes e outras que não, dependendo se for caso de um direito de resposta ou uma réplica.
“A UNTC-CS envia comunicado quase todos os dias, mas nós não podemos ir todas as conferências de imprensa que ela dá. Não somos a televisão da UNTC-CS, mas sim de Cabo Verde. Nós não fazemos direito de réplica, apenas fazemos direito de resposta a não ser se há algo de novo”, clarificou.
António Teixeira pediu a UNTC-CS para, caso se considere discriminada pela TCV, apresentar uma queixa junto da Agência Reguladora da Comunicação.
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