Mindelo, 26 Nov (Inforpress) – A feira de Artesanato e Design – Urdi inaugurou hoje a exposição resultante da Residência Criativa Pote com peças em barro para resolver o problema das garrafas de plástico e a qualidade da água consumida.
A Residência Criativa Pote, conforme o curador da exposição, Álbio Nascimento, aconteceu de 18 de Outubro a 25 de Novembro e envolveu nove criativos e mais alguns artesãos do Mindelo, tendo como mote a “relação difícil” da ilha de São Vicente com a escassez de água.
Neste sentido, segundo a mesma fonte, fez-se o mapeamento de barreiros das ilhas de Santiago, Santo Antão e também São Vicente, que foi conjugado com o uso da água nos dias actuais.
“A ideia era ver como é que com os materiais, com as tecnologias e as competências de Cabo Verde conseguíamos desenvolver propostas contemporâneas, mas também que respondessem a alguns dos problemas maiores do nosso tempo, que é a água engarrafada, a pobre qualidade da água e a desconfiança com essa qualidade”, justificou.
A equipa, adiantou o curador, desenvolveu vários tipos de propostas, tanto de objectos e artefactos, mas também houve pesquisas de materiais especificos das ilhas, como areia e pozolana, para se tratar e conservar melhor a água.
Neste sentido, a exposição, inaugurada na noite desta sexta-feira, também tem um cunho crítico direccionado, ajuntou, para a forma como tem sido abordada a questão da água engarrafada, considerada um dos “principais problemas” dos dias de hoje e que pode ter como uma das vias de “combate” a produção artesanal.
O coordenador da “Pote”, David Monteiro, admitiu, por seu seu lado, ter sido uma “experiência” incrível”, que ainda poderá recolher críticas para se conseguir desenvolver melhor.
Também na noite de hoje foi inaugurada a exposição “Urdi Júnior”, iniciativa incorporada na Residência Pote, com participação de 21 crianças do sexto ano da Escola Básica Arnaldo Medina e 15 alunos do 12º ano do curso de Artes Gráficas da Escola Industrial e Comercial do Mindelo (Escola Técnica), conforme informações da coordenadora, Vânia Pachito.
Segundo a mesma fonte, o propósito era fazer as crianças e adolescentes valorizarem o artesanato, através da transmissão de conhecimento, em contacto com artesãos que dominam técnicas, algumas delas já em esquecimento.
O resultado, di-lo Vânia Pachito, foi a exposição “Água e Barro” com desenhos dos alunos do sexto ano de ideias e experimentações para substituir o plástico e ainda registos fotográficos e uma produção audio-visual da parte dos alunos da Escola Técnica, culminando num “resultado muito positivo”.
Por isso, a curadora assegurou que pretendem dar continuidade e levar a Urdi Júnior, que vai na segunda edição, para outras escolas e fazer outras crianças e adolescentes “terem noção do passado e presente do artesanato e do futuro, que estas nas mãos deles”.
As duas inaugurações contaram com as presenças do ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, Abraão Vicente, e do ministro das Comunidades, Jorge Santos.
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