Mindelo, 25 Nov (Inforpress) – Pacientes transferidos para hemodiálise no Hospital Baptista de Sousa (HBS), em São Vicente, dizem estar a viver uma “vida difícil” devido ao atraso de dois meses no pagamento do subsídio dado pelo Estado.
Conforme Edna Gomes, avançou à Inforpress, na mesma situação estão pacientes renais crónicos vindos das ilhas de Santo Antão, Sal e São Nicolau e que no dia 30 completam dois meses sem receber o subsídio mensal de 40 mil escudos.
“Estamos a passar por uma situação muito crítica aqui em São Vicente, temos jovens e também pessoas de terceira idade que passam por necessidade por não receber o dinheiro”, sustentou a paciente vinda de Santo Antão, que disse ter conhecimento de jovens que ponderam desistir do tratamento por não terem nem comida e nem água adequada para se sustentarem.
Edna Gomes lembrou que o tratamento de hemodiálise não os permite trabalhar devido aos “dias difíceis” em que “nem tem forças para levantar de uma cama” e, por outro lado, asseverou, já estão a sofrer “discriminação” nos postos de trabalho devido à fistula colocada normalmente no braço para fazer a hemodiálise.
Aliás, Flávio Pires, também de Santo Antão, relatou à Inforpress um episódio de discriminação que sofreu na pele, depois de ter sido transferido a 20 de Agosto da Cidade da Praia para passar a fazer diálise em São Vicente.
Segundo o mesmo, desde Setembro não teve nenhum dinheiro na sua conta, o que até o obrigou a procurar emprego numa loja dos chineses.
“Achei um trabalho na China (loja dos chineses) e a senhora esteve sempre a controlar-me o braço, depois na semana seguinte quando fui trabalhar já tinham colocado uma outra pessoa no lugar”, explicou o jovem, acrescentando que as autoridades devem ter consciência da dificuldade enfrentada para encontrarem um trabalho.
Por isso, pede a “quem for de direito” que “deixe de brincadeira e troça” para lhes colocar o dinheiro “por favor”.
Flávio Pires disse já ter contactado a assistente social na Cidade da Praia e também médicos em São Vicente, apontando o mesmo problema, mas que dizem não terem resposta do Ministério da Saúde.
O paciente deixou um recado ao ministro da Saúde, Arlindo do Rosário, e lembra que estão a “passar fome” por causa da sua “brincadeira”.
“Nós somos pacientes da hemodiálise e precisamos estar com comida e bebida para quando entrarmos na máquina, podermos aguentar o tratamento e não sairmos mais debilitados”, sustentou a mesma fonte, que disse falar em nome de cerca de 30 colegas, que enfrentam a mesma situação, transferidos tanto para o HBS, como para o Hospital Agostinho Neto, na Cidade da Praia das diversas ilhas do País.
A Inforpress entrou em contacto com o Ministério da Saúde para saber informações sobre a demora no pagamento, e foi informada, através de telefone, que o responsável para responder ao assunto deveria ser o director Nacional de Saúde, mas que no momento não se encontrava disponível.
LN/CP
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