São Vicente: Associação dos Amigos da Natureza quer “nova governança” para os sistemas alimentares

Mindelo, 22 Out (Inforpress) – O presidente da Associação dos Amigos da Natureza disse hoje, no Mindelo, que a organização quer sensibilizar autoridades, o sector privado e os produtores de alimentos para se construir uma “nova governança” dos sistemas alimentares.

Segundo Aguinaldo David, que falava na abertura do simpósio sobre “Sistemas alimentares sustentáveis”, para encerrar a “Semana da alimentação adequada – do direito à política do consumo à produção sustentável”, promovido pela Associação dos Amigos da Natureza (AAN), o Centro de Estudos Rurais e Agricultura Internacional  (CERAI) e o Secretariado Nacional para Segurança Alimentar e Nutricional.

Conforme o responsável, quando se fala em “nova governança” está-se a falar num “maior protagonismo” que os actores devem ter em todo o processo decisório, designadamente os agricultores e os familiares que produzem alimentos.

É que, clarificou, apesar de Cabo Verde ter um Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional, que contempla lugares para a sociedade civil, esses lugares “não estão sendo devidamente ocupados, nem a paridade que é desejada”.

“A ideia é fortalecer essa sociedade civil, através de acções de capacitação e de sensibilização para os direitos, da alimentação adequado, ao trabalho digno e à protecção do meio ambiente para que essa sociedade civil possa ocupar os seus lugares e possa participar de forma mais capacitada neste conselho, na definição e implementação de políticas e projectos e na   fiscalização dessas mesmas políticas”, explicou.

E, segundo a mesma fonte, sensibilizar para construir essa “nova governaça” é um dos objectivos concretos do simpósio, que decorre até sábado, 23, em São Vicente, com a realização de três painéis.  

Um deles é sobre o “Direto e políticas”, através do qual pretendem dar a conhecer as pessoas toda a estratégia que existe para a segurança alimentar e nutricional, além de levantar questões como, por exemplo, a regulação do sistema e o papel da sociedade civil na promoção desses direitos e os impactos que a covid-19 teve na segurança alimentar e nutricional de Cabo Verde.

Aguinaldo David avançou que o segundo painel vai abordar toda a cadeia de abastecimento de alimentos através do qual pretendem estabelecer o diálogo entre os diferentes actores, desde os produtores, dos distribuidores e da restauração no sentido de falar das dificuldades que existem entre eles para que possam conhecer mutuamente e conjuntamente ultrapassar esses desafios.

Acrescentou que o terceiro painel, cujo tema será “Acção para a nutrição”, pretende trazer  à ribalta os problemas que  o sistemas alimentares actuais tem colocado à população, concretamente em São Vicente, e qual é a forma que se pode influenciar para ter  uma alimentação mais adequada.

Na abertura do simpósio, também discursaram o presidente substituto da Câmara Municipal de São Vicente, Rodrigo Martins, e a embaixadora da União Europeia em Cabo Verde, Carla Grijó.

O autarca defendeu que “é um desafio de todos alterar a forma como produzir e consumir alimentos e como criar sistemas alimentares saudáveis e inclusivos com repercussão na vida das pessoas”.

Rodrigo Martins também defendeu que é preciso “tocar o dedo na ferida”, ou seja, “no desemprego e na  necessidade dos rendimentos que as pessoas  têm para que possam implementar os seus negócios e ter uma alimentação saudável”, porque, sublinhou, “ não se pode falar numa alimentação saudável sem rendimento”.

Por sua vez, a embaixadora da União Europeia em Cabo Verde, Carla Grijó, considerou crucial que se continue a zelar e a efectivar o direito humano à alimentação adequada e à sustentabilidade dos sistemas alimentares.

Isto porque, lembrou, “mais de 800 milhões de pessoas não têm hoje acesso a alimentos suficientes para uma boa nutrição” e a fome “está a aumentar no momento em que o mundo desperdiça mais de mil milhões de toneladas de alimentos por ano”.

Também afirmou que a pandemia da covid-19 trouxe “maior vulnerabilidade alimentar” mas, defendeu que a participação da sociedade civil e de outros actores públicos e privados podem ajudar a garantir a alimentação saudável.

Neste sentido, assegurou que a União Europeia vai continuar a apoiar na concretização do direito humano à alimentação adequada, nomeadamente no futuro quadro plurianual de ajuda ao desenvolvimento entre a UE e Cabo Verde para o período 2021-2027.

CD/AA

Inforpress/Fim

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