Santo Antão: Produtores agrícolas voltam a pedir incentivos e fim do embargo decretado em 1984 

Porto Novo, 27 Abr (Inforpress) – Os produtores agrícolas em Santo Antão voltam a pedir ao Governo incentivos à agricultura na ilha e o fim do embargo imposto, há 36 anos, aos excedentes desta ilha por causa da praga dos mil pés (illacme plenipes).

Alguns produtores têm estado a pedir o levantamento desta medida, decretada, através da portaria 58/84, que impede a circulação de produtos agrícolas provenientes de Santo Antão para as outras ilhas do arquipélago, considerando que o embargo tem levado ao declínio da actividade agrícola, nesta ilha.

“O Governo deve levantar o embargo aos produtos agrícolas de Santo Antão, que não faz sentido. Algum incentivo aos agricultores também ajudaria muito”, notou o produtor Daniel da Graça, uma preocupação partilhada pelos autarcas e por alguns deputados da Nação, eleitos por esta ilha.

As câmaras municipais de Santo Antão têm estado, nos últimos anos, a defender a necessidade de se discutir “a questão do embargo” que tem “penalizado” a agricultura nesta ilha, acreditando que se podia tomar “medidas muito específicas” que permitissem a exportação dos excedentes provenientes das zonas ainda sem esta praga.

Porém, o Governo já informou que não tem “nenhum objectivo de suspender” o embargo, mas promete apostar na investigação na esperança de se eliminar a praga e incentivar os agricultores para “amenizar” os efeitos desta medida de quarentena vegetal.

No âmbito da cooperação com a China, é provável que se retome as investigações sobre os mil pés e melhorar todo o sistema de controlo para se evitar o alastramento dessa praga.

O Governo, no quadro do Orçamento do Estado para 2020, anunciou uma verba de 53 mil contos para dinamizar o centro pós-colheita de Santo Antão.

Esta ilha dispõe, desde 2010, de um centro de expurgo, que tem sido sub-aproveitado devido à sua “má localização”, tendo o Ministério da Agricultura e Ambiente prometido deslocalizar o espaço para as instalações do porto do Porto Novo.

A transformação poderá ser outra via para se atenuar os impactos do embargo, tendo o Governo informado, recentemente, que, no âmbito do OE para este ano, pretender conceder “incentivos fiscais e bonificação de juros” aos agricultores de Santo Antão que queiram recorrer a créditos bancários para financiar projectos neste domínio.

JM/ZS

Inforpress/Fim

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