Ribeira Grande, 26 Out (Inforpress) — Um grupo de Agricultores do vale da Ribeira, concretamente das zonas de Chã de Banca de Coculi e Chã de Pedra sente-se abandonado pela delegação do Ministério do Ambiente e Agricultura do concelho, quanto a gestão da água para rega.
O desalento dos homens do campo foi manifestado à Inforpress pelo agricultor e proprietário Pedro Correia, que explicou que há “vários” anos que sofrem com a seca nestes lugares devido a “má gestão da água”.
E o problema tem agravado, segundo a mesma fonte, porque este ano não choveu e os vários furos feitos pelo MAA nessas localidades não foram equipados em “condições” para fornecerem água aos agricultores.
“Temos a volta dessas localidades quase seis furos, mas o MAA não foi capaz de os equipar e nem fez a doação de tubos para os proprietários usufruírem do mesmo”, enfatizou Pedro Correia.
Este camponês alertou que todas as propriedades daquela localidade estão a secar e já “não sabem a quem se recorrer”.
“Desde a altura da passagem do furacão Fred, estive na delegação do MAA, por várias vezes, alertando o delegado que havia a necessidade de colocarem nos seus planos de actividade pelo menos 1500 metros de tubos para minimizar esse problema da seca nessa localidade e até hoje estamos à espera”, recordou Pedro Correia.
Conforme Pedro Correia, há a água da nascente, mas a sua distribuição é “deficitária” e não há fiscalização da mesma.
“Quando os mirim d´ água,
que são os “encarregados de distribuição de água´, colocam a água nas lavadas, outras pessoas vão com os seus tubos e desviam toda a água e não fica nenhum pingo no depósito para distribuição”, denunciou Pedro Correia.
Já um outro proprietário e agricultor, Campos Monteiro, afirmou que há anos que não veem “ninguém” do MAA nestas zonas, com excepção dos extencionistas rurais que visitam os agricultores quando há alguma cultura.
“Temos lei, mas não há quem zele pelo cumprimento da mesma. A própria comissão de agricultores destas localidades sente uma certa impotência para resolver a situação da água. É preciso que as autoridades tomem medidas. Temos essa empresa que é Água de Rega que apareceu por aqui, mas até então não deu sinal de vida”, salientou Campos Monteiro, que acentuou a necessidade de haver uma “intervenção” do Governo para os agricultores possam ter a capacidade de fazer uma boa gestão da água.
A Inforpress tentou, por várias vezes, ouvir o delegado do Ministério do Ambiente e Agricultura da Ribeira Grande, mas tal não foi possível até o fecho da matéria, mas prometemos regressar ao assunto.
Em Novembro de 2020, o presidente do conselho de administração da empresa Água de Rega, Jaime Ferreira, afirmou, durante a apresentação do projecto de prevenção e gestão de conflitos no uso de água, que com a implementação do projecto os agricultores poderiam reunir e praticar uma “agricultura mais empresarial”, no sentido de colocarem os seus produtos em hotéis e em outras ilhas.
“Paulatinamente, vamos implementando a empresa, não é obrigatório as pessoas aderirem, aderem no momento em que acharem que têm benefícios e estamos aqui para ajudá-los porque a empresa foi criada visando o lucro e a satisfação dos agricultores”, explicou Jaime Ferreira.
A mesma fonte frisou que na apresentação do projecto, os agricultores mostraram “algum receio” em relação àquilo que eles têm adquirido. Entretanto, Jaime Ferreira pontuou que foi “muito claro” quando lhes mostrou as vantagens que este projecto traz.
O representante disse ainda que a empresa terá uma representação, sem apontar onde ficará sediada, sendo certo, precisou, que a zona norte de Santo Antão ficará junto com as ilhas de São Vicente e São Nicolau.
O projecto é financiado pelo Governo de Cabo Verde, em parceria com o Governo da Hungria, e está orçado em 35 milhões de euros
LFS/JMV
Inforpress/Fim