São Filipe, 03 Nov (Inforpress) – A região Fogo/Brava quer uma descriminação positiva e uma atenção especial da Embaixada dos Estados Unidos em Cabo Verde tendo em conta a especificidade e importância da região no contexto da emigração para aquele país.
O pedido foi formulado pelo presidente da Câmara Municipal de São Filipe, Nuías Silva, que é também presidente do Conselho Directivo da Associação dos Municípios do Fogo e da Brava, durante um encontro com o responsável pela diplomacia pública da Embaixada dos EUA, Robert Kerr.
Durante o encontro, Nuías Silva lembrou que a ilha do Fogo e a região Fogo/Brava é “um pedaço do território nacional que deve ter o maior número de emigrantes ou de pessoas candidatas a emigração para EUA nos próximos tempos”.
Nesta perspectiva e para o município de São Filipe apresentou ao diplomata norte-americano alguns projectos que podem contar com a parceria da Embaixada dos Estados Unidos na sua implementação, nomeadamente a possibilidade de desenvolver uma cooperação e um projecto de preparação dos emigrantes para aquilo que chamou da “nova vaga da emigração”.
Nuías Silva propõe a instalação de um centro para preparar as pessoas na língua inglesa para poderem ter maior integração, sublinhando que a língua é fundamental neste processo e que a câmara quer que os foguenses estejam bem integrados na vida económica, social e política.
A preparação, segundo o autarca, contempla a questão da história e da cultura dos EUA e da região de Massachusetts onde maior parte dos foguenses reside, destacando que se trata de um projecto estruturante, inovador e muito mais do que falar da emigração vai ajudar na prevenção da deportação se for trabalhado a preparação da emigração.
Outro projecto que apresentou e que pediu ao diplomata para interceder junto da Embaixada está relacionado com a necessidade de um melhor aproveitamento das pessoas que, por vicissitudes diversas, foram obrigadas a regressar, através da deportação, mas que têm competências e habilidades que podem ser utilizados integrados na comunidade.
Nuías Silva lembrou que além da língua inglesa estas pessoas podem ajudar nas áreas do desporto, artística e, por isso, defende um projecto diferenciado e valorizar as suas potencialidades e não ver apenas a questão da deportação.
O responsável pela diplomacia pública da Embaixada dos EUA disse que Cabo Verde é um lugar especial, sobretudo a região Fogo/Brava, mas que não apenas estas ilhas que devem merecer “atenção especial”, mas que todo o país está sendo visto pela Embaixada como especial por ter ajudado a construir os Estados Unidos que é um país que sempre acolheu emigrantes de todo o mundo e Cabo Verde não foge a regra e vai estar sempre conectado com os EUA.
Robert Kerr sublinhou que depois do encontro e dos assuntos analisados o mais importante é que cidadãos da ilha do Fogo sigam as regras, quer vão emigrar ou visitar os Estados Unidos, para que cumpram as regras e não sejam apanhados de surpresa com emigração ilegal.
A questão da associação dos professores de ingleses em que a Embaixada tem vários programas, o diplomata salientou que existem associações bem encaminhadas e quer conhecer os professores, os programas que existem, promover clube de livros, assim como as possibilidades de ter uma parceria mais forte, lembrando que existem vários mecanismos para aprender o inglês.
“A melhor forma de aprender e aperfeiçoar o inglês é na escola e queremos manter isto firme e dizer aos estudantes para permanecerem nas escolas”, disse Robert Kerr.
Depois do encontro com o presidente da Câmara de São Filipe, o diplomata visitou o espaço onde a autarquia pretende instalar a biblioteca municipal e o futuro centro de preparação dos candidatos à emigração e a casa de um cidadão que dispõe de pintura de todos os presidentes dos Estados Unidos, o que representa esta forte conexão entre a ilha e a emigração.
Na quinta-feira, o diplomata visita o concelho dos Mosteiros, onde dispõe de um centro americano a funcionar há mais de 10 anos e que foi alvo de investimentos recentes, e o município de Santa Catarina do Fogo.
Além de visitar o centro, vai visitar a escola secundária e tem agendado um encontro com os professores de Inglês a realizar no próprio centro para analisar quais os planos a serem desenvolvidos no futuro.
No município de Santa Catarina do Fogo, o diplomata vai passar pela escola secundária e encontrar-se com professores de Inglês à semelhança do que aconteceu em São Filipe e Mosteiros.
JR/CP
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