Cidade da Praia, 17 Out (Inforpress) – O ex-primeiro-ministro, José Maria Neves, é o novo Presidente da República de Cabo Verde, eleito à primeira volta, com 51,5% dos votos, nas sétimas eleições presidenciais realizadas hoje, de acordo com os dados provisórios.
Segundo dados provisórios globais divulgados na plataforma gerida pelo Núcleo Operacional da Sociedade de Informação (NOSI), quando já estavam apuradas 1.255 das 1.294 mesas (97%), José Maria Neves contabilizava 93.149 votos (51,5%), seguido de Carlos Veiga, com 77.018 votos, 42,6%.
Casimiro de Pina era o terceiro mais votado com 3.254 votos, correspondente a 1,8% do total dos votos, seguido de Fernando Delgado 2.509 votos (1,4%), Hélio Sanches 2.102 votos (1,2%), e Gilson Alves 1.546 votos (0,9%).
Joaquim Monteiro é o menos votado, tendo alcançado 1.365 votos, equivalente a 0,8%.
A taxa de abstenção situava-se nos 51.7%.
Biografia de José Maria Neves, Presidente da República eleito
Nascido a 28 de Março de 1961, em Santa Catarina, na ilha de Santiago, José Maria Neves fez a instrução primária em Santa Catarina e os estudos secundários no Liceu Domingos Ramos, na cidade da Praia.
De seguida viajou para o Brasil para prosseguir os estudos a nível superior, tendo integrado a Escola de Administração de Empresas em São Paulo, da renomada Fundação Getúlio Vargas, onde em 1986 completou o curso de licenciatura em Administração Pública.
De regresso ao país no ano de 1987 trabalhou como Técnico Superior na Direcção-geral de Estudos e Reforma Administrativa, da Secretaria de Estado da Administração Pública onde coordenou vários projectos nos domínios dos recursos humanos, simplificação dos actos e procedimentos administrativos e reestruturação de serviços públicos.
De 1988 a 1989 exerceu, também, as funções de director do Centro de Formação e aperfeiçoamento administrativo (CENFA) e foi formador nas áreas de teoria das organizações, liderança e gestão de conflitos.
De 1991 a 96 exerceu funções técnicas no Ministério da Administração Pública e foi consultor do Banco Mundial, do PNUD, e de várias empresas públicas e privadas nos domínios organizacional e de gestão de recursos humanos.
A sua entrada para a vida política deu-se em 1977 quando, com 16 anos, ingressou a Juventude Africana Amílcar Cabral – Cabo Verde (JAAC-CV) onde exerceu funções dirigentes, designadamente de primeiro-secretário da JAAC-CV em Santa Catarina e primeiro-secretário da JAAC-CV na região de Santiago.
No ano de 1989 foi eleito Secretário-geral da JAAC-CV, função que exerceu até 1991.
Em 1996 foi eleito deputado, tendo desempenhado as funções de Presidente da Comissão de Administração Pública, Poder Local e Desenvolvimento Regional e de Vice-presidente da Mesa da Assembleia Nacional.
No ano 2000 foi eleito presidente da Câmara Municipal de Santa Catarina e, no mesmo ano, ganhou o Congresso e foi eleito presidente do Partido Africana da Independência de Cabo Verde (PAICV).
A 14 de Janeiro de 2001 ganha as eleições legislativas, tendo sido indigitado para o cargo de primeiro-ministro pelo então Presidente da República, António Mascarenhas Monteiro.
José Maria Neves fez três mandatos como primeiro-ministro, tendo governado o país de 01 de Fevereiro a 22 de Abril de 2016. Exerceu, ainda, as funções de Ministro da Defesa e de Ministro das Finanças e Planeamento.
Depois de deixar o cargo de Chefe do Governo, José Maria Neves, que é quadro do antigo Instituto Superior de Educação, transformado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV), passou a dedicar-se à docência, e em 2018 criou a Fundação José Maria Neves.
É autor de três obras: “Uma agenda de transformação para Cabo Verde: gestão das impossibilidades”, lançada em 2015, “Um futuro a construir”, lançada em 2018 em conjunto com Francisco Pinto Balsemão e “Nos tempos de pandemia” lançada em 2021.
É detentor dos títulos de Doutor Honoris Causa atribuídos pela Universidade de Rhode Island em 2009, pelo departamento de ciências sociais e humanas da Universidade Cândido Mendes do Brasil em 2019 e pela Universidade de Santiago em 2015.
Além destas distinções José Maria Neves foi também distinguido com a Grã-Cruz da Ordem de Rio Branco, pelo presidente do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva em 2009, em 2010 pelo Programa Alimentar Mundial (PAM) e, em 2006, a medalha de Cavaleiro dos Mecenas do Século, pela Fundação Russa de Caridade.
Auto-define-se como um democrata que respeita as diferenças, uma pessoa tolerante que ouve os outros e dialoga e que quer, sobretudo, construir entendimentos e consensos em relação aos desafios.
Candidatou-se ao cargo de Presidente da República com o lema “Djunta Mon Kabésa y Korason” (juntemos as mãos, a cabeça e o coração) para, segundo disse, continuar a servir Cabo e realizar os sonhos dos cabo-verdianos, e venceu logo à primeira volta.
MJB/CP
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