Cidade da Praia, 31 Mar (Inforpress) – As organizações nacionais de pesca a nível da sub-região africana estão a trabalhar um dossiê no sentido de sensibilizar os governantes dos países para a importância de integrarem o processo de preparação das negociações dos acordos de pesca.
A informação foi revelada à Inforpress pelo presidente da Comissão Ad-hoc da Rede de Organização de Pesca Artesanal de Cabo Verde (ROPA-CV), Paulo Varela, que tem sob a sua alçada a divulgação desta pretensão no país, de forma que o executivo possa compreender desta intenção das entidades de pesca.
Paulo Varela, que tem representado Cabo Verde nas organizações da sub-região africana da qual está inserido, afiançou que mais do que ter em conta as informações da colectividade, as comunidades de pesca pretendem com esta intenção ser reconhecidas como “partes legítimas do sector pesqueiro” e tidos como os primeiros afectados.
O responsável da ROPA-CV afiançou que as comunidades de pesca querem mesmo ter a possibilidade de propor, sugerir e até mesmo exigir do Estado, que cumpra o que lhe compete com as comunidades de pesca, para que se possa tirar o maior proveito dos recursos provenientes do mar.
Para Paulo Varela, num país arquipelágico como Cabo Verde, em que a densidade do mar sobrepõe cerca de 200 vezes mais a do continente, “torna-se imperioso” fazer com que o pescador artesanal cabo-verdiano, que ainda não tem a capacidade suficiente para explorar o que o stock marítimo proporciona, consiga crescer.
“Isto para que, Cabo Verde possa vender, menos e possuir mais, através de políticas de emprego que possam deixar no País o que é nosso”, disse tendo manifestado a sua preocupação pelo facto do país ter negociado os recursos do mar “sem uma concertação com o pescador”.
Neste particular, o activista sociocomunitário defendeu a necessidade do Governo continuar a trabalhar na “transparência no sector” visando o estabelecimento, mediante discussão, de um “plano negociado, concertado e implementado conjuntamente”, visando a autossustentação do sector.
A ROPA-CV, assim como as organizações de pesca da sub-região, explicitou Paulo Varela, quer que em conjunto, os seus governantes recebam pistas, orientações e parceiros apadrinhados pelo poder político, no caso cabo-verdiano.
A rede cabo-verdiana, referiu, já está implantada a nível da sub-região, onde trabalha em parceria com o PRCM, entidade considerada importante a nível da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), vocacionada, sobretudo, para a protecção marinha e costeira.
Em Abril do ano passado, a Guiné Conacri foi o palco de “um importante fórum” que serviu para redes de países como Cabo Verde, Gâmbia, Guiné-Bissau, Guiné Conacri, Mauritânia, Senegal e Serra Leoa debaterem questões dos acordos de pesca donde saiu as recomendações transmitidas pela ROPA-CV, que é também membro da Confederação Africana de Pescadores Artesanais (CAOPA), presidida pela Guiné-Bissau.
Paulo Varela assume a vice-presidência do Fórum dos Profissionais de Pesca, enquanto representante das organizações de pesca de Cabo Verde, que é também membro da Associação do Desenvolvimento de Pesca Artesanal com sede no Senegal e participa nas actividades da Greenpeace, no campo da preservação.
SR/CP
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