Mindelo, 28 Abr (Inforpress) – A massa monetária, constituída por moeda em circulação, depósitos à vista, depósitos a prazo e de poupança e títulos do Tesouro em poder do público, cresceu oito por cento (%) em 2019, mais seis pontos percentuais que 2018.
Estes dados constam do relatório da Política Monetária do Banco de Cabo Verde (BCV).
De acordo com o relatório, a expansão da oferta monetária foi determinada pelo aumento do stock das reservas internacionais líquidas em 25,2% e do crédito à economia em 3,9%, uma vez que a posição externa deficitária dos bancos deteriorou-se em 507 milhões de escudos e o crédito líquido ao sector público administrativo contraiu 21,4 %.
“Em 2018, o stock das reservas internacionais líquidas, o crédito à economia e o crédito líquido ao sector público cresceram, respectivamente, 2,0, 2,8 e 2,9%, enquanto os bancos comerciais reduziram as suas aplicações no exterior no montante de 5.200 milhões de escudos”, lê-se no relatório.
No que se refere ao crédito ao sector público administrativo, o relatório aponta que contribuiu negativo para o crescimento da massa monetária. Isto, explicou, devido à redução da exposição dos bancos face ao Governo central, na sequência da liquidação do stock de títulos consolidados de mobilização financeira emitidos junto a um banco comercial em cerca de 6.437 milhões de escudos.
Deve-se ainda ao aumento dos seus depósitos (em 2.360 milhões de escudos), com as entradas excepcionais da ajuda orçamental (nas componentes donativo – da União Europeia e dívida – do Banco Mundial e Banco Africano de Desenvolvimento.
Segundo o BCV a evolução do crédito à economia “traduziu a tendência do crédito a empresas privadas e a particulares” sobretudo, para financiamento de existências, fundo de maneio e investimentos, no caso das empresas, e financiamento da construção e aquisição de habitação, no caso dos particulares.
Entretanto, diz o mesmo documento, os bancos agravaram, ligeiramente, a restritividade dos contratos de crédito à habitação e ao consumo de particulares e aumentaram a taxa média de juros aplicada nos empréstimos com maturidade de 7 a 30 dias e de 181 dias a um ano, respectivamente, em 3,5 e 2,5 pontos percentuais, o que se traduziu no aumento da taxa média de juros dos empréstimos de 10,25 para 10,34%.
“O contínuo crescimento do funding dos bancos (nomeadamente dos depósitos dos emigrantes e residentes a prazo e de poupança) e a sua remuneração mais competitiva (em função da contínua redução das taxas de juro aplicadas nas operações de depósitos), a par dos incentivos orçamentais e do aumento da concorrência entre as instituições bancárias, contribuíram para a melhoria, ainda que ligeira, das condições de financiamento às empresas”.
Em termos de componentes, segundo o BCV, a expansão monetária traduziu, sobretudo, o aumento dos depósitos à ordem de residentes em 17,2%, dos depósitos a prazo dos residentes em 12,5% e dos depósitos a prazo e de poupança dos emigrantes em 5,5%.
O Relatório da Política Monetária do banco central refere ainda que com o “aumento superior” dos depósitos à ordem, o “contributo” dos passivos monetários para a expansão da oferta monetária superou o contributo dos passivos quase monetários em dois pontos percentuais.
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