Cidade da Praia, 10 de Out (Inforpress) – As associações comunitárias defendem que as “más decisões” e “incumprimentos das promessas” feitas pelos políticos, geram desinteresse por parte dos jovens na participação política.
Essas considerações foram feitas hoje em declarações à Inforpress pelo presidente da Pró Praia, José Pina, realçando que a percepção que se tem é que os jovens não têm a participação activa, pois, o que se vê é “alguma mobilização” à volta dos partidos que conseguem incluir alguns jovens.
“Há uma reduzida participação dos jovens na política em Cabo Verde, as causas podem estar na falta de capacidade de mobilização por parte dos organismos responsáveis”, disse, apontando que devem fazer um trabalho “melhor” neste sentido.
Por outro lado, prosseguiu, há uma “grande” percentagem de abstenção nas eleições, e isto está a acontecer a nível mundial. Contudo, avançou que em parte, é devido à compreensão “inadequada” que os jovens e pessoas, em geral, fazem dos políticos.
José Pina observou, ainda, que os jovens não são sensibilizados para os problemas do País, por isso não assumem que é preciso “participar” para “modificar” e “deliberar” a situação da nação.
“A falta de transparência nos seus actos, actividades malfeitas, má prestação dos serviços e más decisões em relação ao ambiente, à habitação social, investimentos anunciados e não vistas, entre outros, têm provocado distanciamento e desinteresse”, apontou José Pina, defendendo que estes comportamentos afastam a juventude nos actos políticos e, consequentemente, no acto eleitoral.
Já o presidente da Associação Kelem em Desenvolvimento, Gerson Pereira, acredita que os jovens têm ganho o seu espaço na política, observando que “é só vermos as listas para as autárquicas em cada município, a forte presença dos jovens, ressalvando, entretanto, que “são jovens com alguma habilitação literária, ligação aos jotas partidários ou com alguma visibilidade social/comunitária”.
Por outro lado, avançou, os jovens têm em “comum”, nos bairros ditos periféricos e “ghettos”, em meio aos “vários” problemas sociais que se conhecem, não querem saber da política, dos políticos e dos partidos.
Portanto, para Gerson, a participação tem sido “boa”, mas “pouco equitativa”, disse, salientando que apesar de sermos todos “seres políticos”, a oportunidade de fazer política ou participar na política, não tem sido igual para todos, mas falta o envolvimento daqueles que realmente conhecem a “realidade”, e não tem tido oportunidade de propor soluções.
“As decisões políticas têm sido decisões de gabinete, estas não temos dúvidas que não estão a funcionar. E quando chega altura das eleições, chovem as promessas que nunca são cumpridas e este incumprimento leva à descrença na política e naqueles que o usam de forma indevida” concluiu o responsável.
Por sua vez, o presidente da associação Safende Tudo Hora, Oracy Cruz, apontou que a participação dos jovens na política tem “melhorado” em comparação aos anos transactos, tendo indicado que antes os jovens participavam na política só no período das campanhas eleitorais, onde recebiam, dos partidos, alguma quantia em dinheiro.
Hoje, de acordo com Oracy Cruz, os jovens já começaram a “acordar” e isso é “bom sinal”.
“Cabo Verde, por ser um País jovem, os jovens é que deveriam tomar frente de certas áreas de governação”, adiantou, salientando que a camada jovem deve provar o seu “potencial” e não deixar “se enganar” pelas coisas “fúteis”, nomeadamente festas e parar de confortar com “pouco”, de modo a se interessarem mais para os interesses do País.
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