Maio: Tartarugas marinhas podem transmitir bactérias aos humanos – revela estudo

Porto Inglês, 25 Nov (Inforpress) – Um estudo realizado pela Fundação Maio Biodiversidade (FMB) e publicado numa revista internacional aponta que as tartarugas marinhas podem transmitir aos humanos um tipo de bactéria “altamente contagiosa” em caso de consumo da carne.

Esta revelação foi feita à Inforpress pelo coordenador científico da Fundação Maio Biodiversidade, Juan Martinez Patino, informando que ao longo dos últimos anos, aquela ONG tem vindo a realizar vários estudos na ilha do Maio, com destaque para questões ambientais, e que são divulgados tanto nas revistas nacionais como internacionais.

Segundo precisou aquele responsável pela realização de estudos científicos, a FMB realizou um estudo, segundo o qual existe um tipo de bactéria nas tartarugas, “altamente contagiosa e resistente aos antibióticos”, e que pode afectar os humanos e até causar a morte, caso consumam a carne da tartaruga da espécie carreta-carreta.

“Temos registrado no estudo que as tartarugas carreta-carreta que escolhem as praias da ilha possuem por sorte poucas bactérias, em relação ao que acontece nos mediterrâneos, mas que são altamente resistentes aos antibióticos. Por isso existe um grande risco de contaminação aos humanos caso entrem em contacto ou consumam a carne das tartarugas”.

Informou ainda que os humanos podem também transmitir as bactérias as tartarugas caso houver contactos sem protecção.

Juan Patino disse ainda que a FMB realizou também um estudo que já foi divulgado na revista da Universidade de Cambridge denominada Orix, que aponta que Cabo Verde vem se afirmando como o sítio mais procurado pelas tartarugas carreta-carreta a nível mundial, ultrapassando mesmo a Califórnia nos Estados Unidos e Oman no pacífico ao contrário do que se tinha dito de que o país estava no terceiro lugar.

Conforme explicou, na ilha do Maio não existe muita actividade humana e luz artificial nas praias, onde as tartarugas se nidificam, o que proporciona um “bom espaço de refúgio” para as tartarugas carreta-carreta. Aliás, frisou que nos últimos tempos tem se registado na ilha um incremento da nidificação, à semelhança do que vem acontecendo na Boa Vista e Sal, razão pela qual o país torna-se no mais procurado a nível mundial. 

Um outro aspecto destacado no estudo, demonstra que as tartarugas preferem as praias com areias mais claras, ao mesmo tempo, realça, as praias onde existe maior risco para os ninhos como inundações, ataques dos caranguejos e cães.

“Um outro trabalho que também vai ser divulgado, brevemente tem que ver com a consistência e preferência das tartarugas na procura da mesma praia para nidificar e ao mesmo tempo se preferem colocar o ninho mais perto do mar, onde está sujeito a inundações ou se preferem colocar os ninhos na parte mais distante ou de forma mista”, notou.

Juan Patino fez saber ainda que as tartarugas fêmeas do tipo carreta-carreta procuram as praias situadas na costa mais a este da ilha, como Praia Gonçalo, Pedro Vaz e Pilão Cão, mesmo quando colocam os seus primeiros ninhos em outras praias, pelo que disse acreditar que isso vai servir para uma tomada de decisão por parte dos governantes, sobre onde se deve autorizar a construção de empreendimentos turísticos.

Para Juan Patino, o sítio escolhido para a construção do projecto ´Little Africa Maio´, possui um ecossistema relativamente “frágil”, por isso exortou as entidades responsáveis, que tenham em conta as opiniões dos técnicos que trabalham na protecção ambiental, por forma a se evitar mal maiores.

WN/ZS

Inforpress/Fim

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