Dia Mundial da Língua Portuguesa: Sociolinguista defende ensino bilingue no processo de ensino-aprendizagem

Cidade da Praia, 05 Mai (Inforpress) – A sociolinguista Amália Lopes considera que a “desconsideração” da língua cabo-verdiana no processo de ensino-aprendizagem é o que mais interfere, neste momento, na questão do nível de proficiência da língua portuguesa em Cabo Verde.

Amália Vera-Cruz Melo Lopes, que falava em entrevista à Inforpress, no âmbito do Dia Mundial da Língua Portuguesa, que se assinala hoje, defendeu o ensino bilingue no País, isto é, o ensino da língua cabo-verdiana e da língua portuguesa em simultâneo.

A sociolinguista explicou que se fala muito do ensino de português como língua segunda, insistindo-se na metodologia do português como língua segunda, mas considerou ser necessário reconhecer que quando se fala de uma língua segunda é porque existe uma língua materna.

Esta língua materna, segundo esta linguista, não pode ser “desconsiderada” no processo de ensino da língua segunda.

Neste sentido, Amália Lopes defendeu que é preciso “ir mais a fundo” nesta questão, investir na educação bilingue, de modo a que os aprendentes possam ter uma consciência linguística nas duas línguas.

A especialista defendeu ainda a separação das gramáticas ou a não mistura das duas línguas para que as pessoas possam ter uma “aprendizagem melhor” da língua portuguesa.

“Penso que o que mais atrapalha, mais interfere na questão do nível de proficiência da língua portuguesa neste momento em Cabo Verde é a desconsideração da língua cabo-verdiana no processo de ensino-aprendizagem”, notou.

Anualmente, a Cátedra Eugénio Tavares de Língua Portuguesa realiza Jornadas de Investigação e Ensino, e segundo Amália Lopes, que é também directora desta instituição, uma das recomendações destas jornadas é um investimento no ensino bilingue, desde jardim-de-infância para o desenvolvimento da oralidade em português e para que as crianças tenham uma base.

Com este investimento, acentuou, as crianças poderão ser alfabetizadas, simultaneamente, na língua cabo-verdiana e na língua portuguesa, isto é, um processo de co-alfabetização que caminha para o processo do ensino aprendizagem nas duas línguas.

Para a professora aposentada, caso isso não seja levado em conta, as pessoas vão continuar o processo de mistura, de confusão, de não separação entre as duas línguas e de uma proficiência gerada em língua portuguesa cada vez “mais deficiente”.

O dia 05 de Maio foi proclamado pela UNESCO como Dia Mundial da Língua Portuguesa, tendo a organização reconhecido “o importante papel que a língua portuguesa tem na preservação e disseminação da civilização e da cultura humanas”.

A língua portuguesa é atualmente falada por mais de 265 milhões de pessoas.

Além de Angola, integram a CPLP Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

AM/JMV

Inforpress/Fim

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