Covid-19: UE, Eurogrupo e BCE pedem respostas “engenhosas e construtivas” à crise

Bruxelas, 06 Abr (Inforpress) – Os presidentes do Conselho Europeu, Eurogrupo, Comissão Europeia e Banco Central Europeu pediram hoje aos ministros das Finanças da zona euro para serem “engenhosos e construtivos” nas respostas à crise da covid-19, recordando os “instrumentos e instituições existentes”.

Um dia antes da reunião decisiva do Eurogrupo, na qual os ministros das Finanças da zona euro vão tentar aproximar posições e chegar a uma resposta comum à crise gerada pela covid-19, os quatro responsáveis apelam em comunicado para que “se examinem todos os instrumentos possíveis de forma engenhosa e construtiva”.

Numa nota de imprensa divulgada após uma videoconferência realizada esta tarde, os presidentes do Conselho Europeu, Charles Michel, do Eurogrupo, Mário Centeno, da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, destacam que “há muito espaço para a solidariedade entre os instrumentos e instituições existentes”.

“Temos de explorar totalmente essas ferramentas e permanecer abertos a fazer mais”, salientam, observando que “está a ser desenhado um forte pacote” de medidas, para “proteger os cidadãos e as empresas europeias do impacto económico gerado pela pandemia”.

Actualmente, a discussão pauta-se por optar por recursos já existentes, como linhas de crédito através do fundo de resgate permanente da zona euro, e novos, como a emissão conjunta de títulos de dívida (‘eurobonds’ ou ‘coronabonds’), soluções que geram divisão entre os países europeus.

Argumentando que, “no ‘dia seguinte’ [à pandemia], a recuperação económica em todos os Estados-membros deve ser o mais rápida e forte possível”, os quatro responsáveis mostram-se ainda convictos de que “a resposta da União Europeia ajudará a estabelecer as bases” para essa fase.

Na terça-feira, os ministros das Finanças da zona euro, reunidos também por teleconferência, vão tentar chegar a um acordo político sobre a melhor resposta a dar aos efeitos da pandemia de covid-19 nas economias europeias, precisando para tal de ultrapassar as fortes divergências verificadas até agora.

Os países do sul, entre os quais Portugal, Espanha e Itália, têm defendido como melhor solução a emissão de dívida conjunta, que continua a ser rejeitada por países como Alemanha, Holanda, Áustria e Finlândia, que defendem antes soluções que passem por linhas de crédito, ou seja, empréstimos, em condições favoráveis.

O presidente do fórum de ministros das Finanças da zona euro e ministro das Finanças português, Mário Centeno, já defendeu publicamente o adiamento do debate sobre os ‘coronabonds’ para depois da crise, advogando que o foco agora deve estar em medidas capazes de gerar consenso no imediato.

Numa entrevista publicada no fim-de-semana em diversos órgãos de comunicação social europeus, Mário Centeno sustentou que os Estados-membros devem concentrar-se agora nas medidas em que há mais consenso e sobre as quais é possível chegar a um acordo na terça-feira, fazendo a defesa das “três medidas de protecção, para os orçamentos, para as empresas e para os trabalhadores” já discutidas pelos ministros, e que formam um pacote avaliado em cerca de 500 mil milhões de euros.

Centeno referia-se ao plano de linhas de crédito do Mecanismo Europeu de Estabilidade, aos créditos do Banco Europeu de Investimento para empresas e aos apoios para programas de suspensão de contratos de trabalho (‘lay-off’) apoiados pelo Estado, propostos pela Comissão.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infectou mais de 1,3 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 73 mil.

O continente europeu, com cerca de 696 mil infectados e mais de 53 mil mortos, é aquele onde se regista o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, contabilizando 16.523 óbitos em 132.547 casos confirmados até hoje.

Inforpress/Lusa/Fim

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