transinsularLisboa, 19 Abr (Inforpress) – A quebra do turismo em Cabo Verde provocada pela pandemia de covid-19 diminuiu em 30% o transporte marítimo de carga de Portugal para o arquipélago, devendo o tempo de saída dos cargueiros aumentar de uma semana para 20 dias.
O administrador da Transinsular, empresa do grupo português ETE que detém a concessão do transporte marítimo de passageiros, veículos e cargas entre ilhas, disse à Lusa que o turismo desapareceu de Cabo Verde devido à pandemia provocada pelo novo coronavírus.
“Menos turismo significa menos consumo. As necessidades de mercadorias diminuíram cerca de 30%”, afirmou Luís Figueiredo.
Segundo o administrador da Transinsular, esta quebra do turismo foi acompanhada de uma paragem em vários setores, como a construção, seja de unidades hoteleiras, residências ou municípios.
Por esta razão, avançou Luís Figueiredo, a diminuição do consumo regista-se em todas as áreas, da alimentação aos materiais de construção.
Por esse motivo, e mesmo após o estado de emergência, a empresa admite um redimensionamento da frota que estava a servir Cabo Verde, nomeadamente ao nível dos intervalos entre saídas de cargueiros.
O tempo de saída era de uma semana antes da pandemia e atualmente situa-se nos 20 dias, devendo ficar assim depois do estado de emergência e até que a procura de bens o justifique.
“Estamos literalmente a fazer uma navegação à vista, a assistir às tendências para tomar decisões até que se registe a recuperação da economia”, adiantou.
Em 2019, Portugal reforçou o estatuto de país que mais vende a Cabo Verde, com uma quota de 42% do total das importações cabo-verdianas, um crescimento de 3,5% face a 2018.
Segundo o relatório Estatísticas do Comércio Externo de Cabo Verde em 2019, do Instituto Nacional de Estatísticas (INE) cabo-verdiano, as importações feitas pelo arquipélago atingiram em 2019 um máximo histórico: 78.301 milhões de escudos (709 milhões de euros), mais 2,7% face a 2018.
Em relação ao serviço de transporte marítimo de passageiros e cargas entre ilhas, cuja concessão o grupo ETE detém através da sua participação na Cabo Verde Interilhas, liderada pela Transinsular, Luís Figueiredo anunciou que também sofrerão alterações.
Para já, o transporte marítimo de passageiros entre as ilhas do arquipélago está suspenso, continuando o de carga, que, consoante as necessidades, deverá contar com viagens mais espaçadas.
O administrador da Transinsular garantiu, contudo, que “a qualidade” neste transporte vai continuar, ficando o investimento no desenvolvimento para quando a economia der sinais de retoma.
Em Março, o administrador do grupo ETE, Gonçalo Delgado, revelou à Lusa que desde o início da concessão, em 15 de Agosto de 2019, e até 29 de Fevereiro, a CV Interilhas transportou 313 mil passageiros, 26% acima dos registos de transporte marítimo do período homólogo, “e 2,4 vezes mais do que o número de passageiros previsto no contrato de concessão”.
A CV Interilhas assumiu em 2019 a concessão do transporte marítimo de passageiros e carga, por 20 anos, após concurso público internacional lançado pelo Governo cabo-verdiano. A empresa é liderada pelo grupo português ETE, através da Transinsular, que detém 51% da CV Interilhas.
No total de 2.584 viagens realizadas em seis meses e meio, os navios ao serviço da CV Interilhas transportaram ainda 80 mil toneladas de carga, incluindo 23.217 viaturas, entre as várias ilhas de Cabo Verde.
“O balanço dos primeiros seis meses é muito gratificante. Constituímos uma empresa de capital maioritariamente nacional e para qual contratámos 150 colaboradores também de nacionalidade cabo-verdiana. Conseguimos cumprir de forma absolutamente impressionante em mais de 98% com a periodicidade das viagens previstas e dos horários, tendo garantido ao povo cabo-verdiano um serviço regular, fiável e em segurança que até então não existia”, afirmou Gonçalo Delgado.
A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 157 mil mortos e infectou mais de 2,2 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 502 mil doentes foram considerados curados.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detectado no final de Dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando sectores inteiros da economia mundial.
Face a uma diminuição de novos doentes em cuidados intensivos e de contágios, alguns países começaram a desenvolver planos de redução do confinamento e em alguns casos, como Dinamarca, Áustria ou Espanha, a aliviar algumas das medidas.
Por regiões, a Europa soma mais de 100 mil mortos (mais de 1,1 milhões de casos), Estados Unidos e Canadá mais de 39.165 mortos (mais de 750 mil casos), a Ásia 6.882 mortos (mais de 160 mil casos), o Médio Oriente 5.465 mortos (mais de 121 mil casos), a América Latina e Caribe 4.384 mortos (mais de 92 mil casos), África 1.052 mortos (mais de 20 mil casos) e a Oceânia com 86 mortos (mais de sete mil casos).
Cabo Verde regista 58 casos condfirmados de covid-19, distribuídos pelas ilhas da Boa Vista (51), Santiago (6) e São Vicente (1). Destes, um é já considerado recuperado e outro, o primeiro caso confirmado no arquipélago, em 19 de março, um turista inglês de 62 anos, acabou por morrer.
Inorpress/Lusa/Fim