Cidade da Praia, 03 Mai. (Inforpress) – O professor universitário e investigador Silvino Évora julga que tem havido “uma grande tolerância da liberdade de imprensa no País” na cobertura jornalística da pandemia de covid-19, que despertou o jornalismo de entre as profissões para o teletrabalho.
Na sua análise à Inforpress, quanto ao combate à pandemia de covid-19 e o exercício do direito à liberdade de imprensa, por ocasião do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa que se assinala hoje, 03 de Maio, este jornalista de formação contestou ainda a tentativa de pressão na declaração inicial do Governo, quando começaram a surgir os primeiros casos.
Ainda assim, reconheceu que o manifesto governamental que responsabilizava as pessoas pela divulgação de informações que não correspondessem à verdade no início desta pandemia “não passou daquela declaração”, já que houve um intenso debate, sobretudo a nível das redes sociais, “sem que tenha havido puxão de orelhas”.
A título de exemplo citou mesmo o caso do online Notícias do Norte que tinha anunciado um furo inicial de 30 infectados num dos hotéis da Boa Vista quando se confirmou que este órgão tinha informação, ainda que não estivesse totalmente correcta, mas que posteriormente falhou ao anunciar uma informação que nunca correspondeu à verdade.
Neste caso particular, disse que apesar de “alguma falta de zelo” da parte deste órgão de comunicação social, não houve registo de qualquer pronunciamento dos poderes público, assim como a nível da própria liberdade pública de expressão das pessoas, neste momento mais complexo.
Ciente de que o mundo celebra este ano o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa de forma atípica, por causa da pandemia do novo coronavírus (covid-19), com o volumar dos países mergulhados em estado de emergência, admite que esta contrariedade, de certa forma resulta a supressão de algumas liberdades fundamentais do ser humano.
Destacou uma certa tolerância a nível do exercício da liberdade de imprensa e de expressão em grande parte dos países de democracia consolidada, já que não houve da parte do estado uma intromissão a nível destas esferas, o que contrasta com casos de países que aproveitam da fragilidade da sua democracia para apertarem o cerco, dificultando o espaço da liberdade de expressão, sobretudo a nível tecnológico.
Este investigador sublinhou, por outro lado, a forma como esta pandemia despoletou o exercício das profissões como o jornalismo em tempos de grandes crises, sobretudo esta inédita, face ao confinamento, já que contrariamente a outras partes do mundo, o jornalismo cabo-verdiano teve de adaptar-se ao processo em termo de autonomia da produção fora das redacções.
Isto por entender que actualmente existe tecnologias que permitem que as pessoas trabalhem à distância, quando em Cabo Verde não era muito vulgarizado este hábito, porquanto as pessoas “estavam conformadas em ir as redacções, quando de repente começaram a trabalhar a partir de casa”.
Recuou no passado para realçar que em tempo, fora de Cabo Verde, assistia a situações em que houve rádios que faziam as suas programações em termos de noticiários em que os jornalistas entravam em directo a partir das suas próprias casas, mediante o alinhamento feito de uma forma momentânea.
Silvino Évora só vê vantagens no teletrabalho jornalístico, afirmando mesmo que a pandemia está a provocar um espaço para se repensar o exercício da actividade jornalística em que não necessariamente as pessoas terão de estar a trabalhar na redacção, quando conseguir-se-ia fazer uma aliança entre as necessidades dos órgãos de comunicação social e a vida privada/familiar dos trabalhadores.
“Temos que aproveitar da tecnologia e permite-nos fazer isto”, defendeu, para citar que mesmo o caso da educação social que, a seu ver, passa mesmo pela educação, de modo a usar a televisão para a difusão de programas, valores e módulos operantes que facilitem as pessoas da sua competência social.
Este professor afirmou que em Cabo Verde este processo ignorado durante todos estes anos, mas que de repente abraça esta metodologia, essencialmente por via do ensino, tendo alertado que há outra parte da educação que não tem sido trabalhada, e que abre neste momento uma oportunidade de se olhar para a comunicação social.
Isto tanto como veículo de entretenimento e de informação, mas também como mecanismo de educação, razão pela qual sentencia que há ainda um espaço a explorar.
SR/ZS
Inforpress/Fim