Cidade da Praia, 05 Mai (Inforpress) – O Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, criticou hoje os “desobedientes” às instruções do estado de emergência no País, devido à pandemia de covid-19, classificando-os como “heróis do equívoco” que ameaçam “uma comunidade inteira”.
Numa mensagem na sua conta na rede social Facebook, o chefe de Estado reagia, sem nunca o dizer directamente, ao aparente relaxamento das obrigações de recolhimento domiciliário ou distanciamento social, que começa a ser visível na cidade da Praia, ainda em estado de emergência.
“No meio desta crise, aparecem, amiúde, alguns desobedientes às ordens e instruções fundamentais para o combate, com sucesso, à epidemia, arvorando-se em corajosos, em gente destemida e ‘livre’, quase heróis”, criticou Jorge Carlos Fonseca, considerando que se trata de “heróis completamente equivocados”.
“Se o problema fosse apenas de exposição individual à doença e ao perigo de vida, até se poderia aceitar um estranho modo de enfrentar riscos, de exercício da autonomia individual. Porém, o ‘herói’, afinal, pode ser um perigoso inimigo de outrem e, a partir deste, de outros tantos, e aí por diante. De uma comunidade inteira”, reforçou.
Desde as 00:00 de 03 de Maio que o estado de emergência permanece em vigor apenas nas ilhas de Santiago (Praia) e Boa Vista, que concentram 172 dos 175 casos de covid-19 no País. Trata-se do terceiro período de estado de emergência, em vigor até às 24:00 de 14 de Maio e que entre outras medidas obriga ao dever de recolhimento, de proibição geral de circulação ou ao encerramento de empresas, declarado pela primeira vez em 29 de Março, aplicando-se então em todo o território.
“É preciso, pois, que se dê combate firme e adequado aos heróis do equívoco, muitos deles, ‘heróis’ bem esclarecidos e instruídos”, apelou.
O director nacional de Saúde, Artur Correia, alertou na segunda-feira para um “certo desleixo” no cumprimento de medidas de prevenção da covid-19 em algumas ilhas, avisando que, se não houver mudança de comportamentos, a situação poderá sair do controlo das autoridades.
“Nós estamos numa situação muito preocupante, a situação da covid-19 em Cabo Verde continua a aumentar, sobretudo no concelho da Praia. Apesar dos bons resultados que já temos na Boa Vista, devemos dizer que temos de estar preparados, vamos ter mais casos”, alertou Artur Correia.
O responsável de saúde notou que o País não pode viver eternamente em estado de emergência ou de contingência, pelo que apelou às pessoas para mudarem comportamentos.
“Nada é como dantes, e aqui não só as autoridades, mas também as populações têm um papel fundamental. Essa mudança de comportamento está nas nossas mãos. A responsabilidade é nossa”, afirmou Artur Correia, dando conta de um “certo desleixo, abrandamento” no cumprimento das medidas, quer de confinamento, quer para evitar aglomeração de pessoas.
Cabo Verde regista um total de 175 casos acumulados de covid-19, distribuídos pelas ilhas de Santiago (116), Boa Vista (59) e São Vicente (03), com dois óbitos e 37 recuperados.
Na cidade da Praia, o foco principal da doença no país com 113 casos positivos, por exemplo, várias fotos têm sido publicadas nas redes sociais dando conta de aglomerações de pessoas em frente de estabelecimentos comerciais, bancos, sem verificar todas as medidas de protecção.
O director nacional de Saúde disse que isso “é reprovável”, chamando a atenção que, a continuar assim, o país vai eventualmente ter “mais casos e mais mortes” no país.
“Se as pessoas continuarem com esse comportamento, a situação poderá descambar, poderá piorar e poderá sair do nosso controlo. E nós não queremos isso. Tudo depende de nós próprios”, insistiu, num apelo feito no balanço dos 45 dias desde o diagnóstico do primeiro caso no arquipélago, em 19 de Março.
Artur Correia admitiu que as autoridades de saúde têm estado a constatar o desrespeito das pessoas às medidas de prevenção da doença, insistindo que a situação “pode descontrolar-se a qualquer momento se houver relaxamento”.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 250 mil mortos e infectou mais de 3,5 milhões de pessoas em 195 países e territórios.
Inforpress/Lusa
Fim