Covid-19/Praia: Associações comunitárias mobilizam-se para ajudar os mais necessitados

Cidade da Praia, 30 Mar (Inforpress) – Associações comunitárias da cidade da Praia estão a mobilizar-se para apoiar os mais necessitados nesta situação da covid-19, com o País em estado de emergência, o que impede que muitos saem em busca do ganha-pão.

A Inforpress conversou com Ricardina da Veiga, Oracy Cruz e Gerson Pereira, representantes da Associação Comunitária de Achada Eugénio Lima (ACAEL), SafendeTudOra e Associação Kelém em Desenvolvimento (AKD), respectivamente.

Ricardina Veiga avança que a ACAEL tem em curso uma campanha de recolha de produtos como água, alimentos e outros bens de primeira necessidade junto das lojas da comunidade e de pessoas que queiram fazer sua doação.

Esta responsável comunitária diz ainda que até o momento não receberam qualquer contacto das autoridades e que, inclusive, pessoas como pensionistas e vendedeiras os tem estado a contactar a solicitar informações sobre as medidas de apoio às famílias anunciadas pelo Governo.

“Mas os trabalhos não devem parar, há pessoas que precisam das nossas acções”, prosseguiu Ricardina Veiga, avançando que, para iniciar, já estão cerca de 50 famílias.

Entretanto, esta jovem diz-se ciente das dificuldades que irão ter por conta do número de pessoas desfavorecidas, que poderão aumentar a cada semana, pois, como afirma, “muitas famílias não estão preparadas para se manter nessas três semanas”.

A Associação Kelém em Desenvolvimento, por seu lado, tem neste momento em curso a campanha “ConVida♥”, que pretende, segundo Gerson Pereira, apoiar famílias vulneráveis do bairro.

“Estão identificados os beneficiários e já estamos a recolher donativos. Tivemos um caso mais urgente de uma família. As pessoas disponibilizam ajudas e nós vamos ter a casa delas para buscar, evitando coloca-las em risco. Temos ainda uma conta disponível para aqueles que querem evitar riscos”, prosseguiu.

Este líder comunitário afirmou também que, até agora, não foram contactados pelas autoridades, mas diz acreditar que talvez estejam planeando, ou, “na pior das hipóteses”, aquela associação não esteja incluída neste processo.

“Nosso medo é que aqueles que realmente precisam nem sejam contemplados por não estarem cadastrados. Mas estamos optimistas”, lançou o jovem, dando conta que a AKD já identificou 16 famílias identificadas como casos de risco naquela comunidade da zona de Achada de Santo António (ASA).

Todavia, frisou, o objectivo é recolher o “máximo possível” para estender as doações a outras subzonas da ASA, sendo Brasil, Dinóss e Meio de Achada.

A Associação SafendeTudOra, pelo seu lado, já recolheu donativos junto de empresas como a Iogurel e a Cabeólica também tem em curso uma campanha de doações a circular na rede social Facebook, segundo contou Oracy Cruz.

A associação, disse o seu representante, também não foi até agora contactada pelas autoridades, mas mesmo assim já identificou 60 famílias, entre as quais 30 casos urgentes e o restante no segundo plano.

“Dessas famílias fazem parte pessoas idosas, crianças com deficiência, infectados com HIV, anemia e outras doenças”, avançou o líder comunitário, completando que a associação conseguiu duas mil máscaras na França, mas estão a espera da solução para os trazer a Cabo Verde.

O Governo vai atribuir o Rendimento Social de Inclusão a oito mil famílias em situação de pobreza extrema e um valor de dez mil escudos por um período de um mês, a 30 mil trabalhadores do sector informal.

O anúncio de medidas de mitigação ao sector informal da economia adoptadas pelo Governo para apoiar as famílias em situação de pobreza extrema, que dependem economicamente do trabalho informal, as crianças vulneráveis e os idosos que vivem sozinhos, foi feito pelo primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, em conferência de imprensa, na Cidade da Praia.

Segundo o governante, essas medidas visam assegurar e garantir a satisfação das necessidades básicas a nível da alimentação, o acesso à saúde, rendimento familiar a essas camadas, num momento em que o país atravessa uma situação de risco de calamidade face a confirmação de cinco casos da covid-19 na ilha da Boa Vista e na cidade da Praia.

GSF/AA

Inforpress/Fim

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