Covid-19: Plataforma das Comunidades Africanas pede “intervenção urgente” no apoio aos imigrantes

Cidade da Praia, 15 Abr (Inforpress) – O presidente da Plataforma das Comunidades Africanas, José Viana, pediu intervenção urgente por parte do Governo no apoio aos imigrantes africanos, para fazer face aos efeitos que a pandemia covid-19 está a causar.

Em entrevista à Inforpress, José Viana explicou que situação merece “alguma reflexão”, pois a franja da sociedade “mais atingida” com as medidas restritivas do Governo são os imigrantes, dado às condições em que se encontram.

Isso porque, conforme avançou, grande parte dos imigrantes africanos vive do comércio informal, sendo que agora estão privados de praticar tal actividade, a principal fonte de renda.

Segundo José Viana, o Governo anunciou um conjunto de medidas de apoio social às famílias com maior dificuldade em rendimento, mas alertou para o facto de essas medidas ainda não terem chegado às comunidades imigrantes africanas.

“Muitos estão a enfrentar um verdadeiro dilema, são pessoas que ficaram privadas de liberdade e mobilidade por forças das medidas, decisões que não as deixam qualquer margem para labutar diariamente e provir a sua sobrevivência”, disse.

Nesta linha, defendeu ser urgente a adopção de uma “estratégia bem articulada” para mitigar o sofrimento dessas pessoas, referindo-se à necessidade de “mais equidade no apoio”, caso contrário, referiu, “estar-se-ia a falhar no plano de mitigação”.

Informou ainda que já fez chegar uma carta ao primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, no sentido de uma rápida solução.

“Temos pessoas muito próximas do risco da fome, mesmo a beira do colapso”, ajuntou.

O responsável informou ainda que conseguiu arrecadar 60 cestas básicas junto da Câmara Municipal da Praia, entretanto, avançou, revela-se um número “muito irrisório” em relação à quantidade de pessoas que necessitam desse apoio.

Quanto ao possível prolongamento do estado de emergência, José Viana disse que esta possibilidade poderá “agravar ainda mais” a situação dos imigrantes africanos no País, aos quais tem passado mensagens de apoio e coragem, pedindo ao mesmo tempo respeito às medidas de restrição regulamentadas pelo Governo.

Com os 45 novos casos de covid-19 anunciados hoje, a Boa Vista passa a somar um total 52, reforçando o estatuto de principal foco da doença no arquipélago, sendo os outros nas ilhas de Santiago (3) e São Vicente (1).

Cabo Verde cumpre hoje 18 dias, de 20 previstos, de estado de emergência para conter a pandemia provocada pelo novo coronavírus, com a população obrigada ao dever geral de recolhimento, com limitações aos movimentos, empresas não essenciais fechadas e todas as ligações interilhas e para o exterior suspensas.

O Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, anunciou, entretanto, que vai comunicar ao país, na quinta-feira, a decisão sobre a prorrogação ou não do estado de emergência.

O número de mortes provocadas pela covid-19 em África ultrapassou as 800 com mais de 15 mil casos registados em 52 países, de acordo com a mais recente actualização dos dados da pandemia naquele continente.

A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou quase 127 mil mortos e infectou mais de dois milhões de pessoas em 193 países e territórios.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detectado no final de Dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

 HR/AA

Inforpress/Fim

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