Mindelo, 01 Mai (Inforpress) – Os partidos políticos com assento parlamentar concordam com a decisão do Presidente da República de levantar o estado de emergência em São Vicente e de o prorrogar por 12 dias, nas ilhas de Santiago e Boa Vista.
Segundo a secretária-geral do Movimento para a Democracia (MpD, poder), Filomena Delgado, em declarações à RCV, o seu partido está de acordo com a prorrogação do estado de emergência em Santiago e Boa Vista devido à situação epidemiológica dessas duas ilhas, mas chamou atenção para o cumprimento do distanciamento social, que também se aplica às que já não estão mais abrangidas pelo estado de emergência.
“Temos de aprender a conviver com o vírus, mesmo depois do estado de emergência. Temos que adoptar medidas preventivas em Santiago e Boa Vista e termos em conta que o Governo, as câmaras municipais e as associações terão que continuar as acções sociais para responder às famílias mais vulneráveis”, defendeu.
Filomena Delgado também apelou a população nas duas ilhas à adoptarem medidas preventivas para travar a propagação do novo coronavírus ao mesmo tempo que alertou o Governo a ter em conta os mecanismos de apoio como o Rendimento Social de Inclusão “neste período em que as pessoas vão continuar a sem rendimento”.
Da mesma forma, o vice-presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, posição), Rui Semedo, afirmou que o partido encara a decisão do PR com naturalidade. Isto porque, sustentou, deverá tê-la tomada com base numa “avaliação minuciosa das informações técnicas e sanitárias” que terá recebido das autoridades responsáveis e feito uma “avaliação dos impactos para a saúde, para a economia e para as pessoas”.
No entanto, chamou atenção para que sejam acauteladas questões como o funcionamento das instituições, caso do Parlamento, que, no seu entender, “não funcionou bem” com o anterior estado de emergência.
“Se o Parlamento não funcionar bem a democracia não poderá estar a funcionar”, afiançou o político para quem “o parlamento não cumpriu devidamente o seu papel por fuga do executivo ao controle de prestação de contas”.
Rui Semedo lembrou que há uma parte “importante parte da população” cabo-verdiana que passa por dificuldades que “deverá ser tidas em conta neste processo do prolongamento do estado de emergência.
Por outro lado, pediu que se acautele o “funcionamento da economia para garantir o acesso ao emprego e ao rendimento das pessoas para que o estado de emergência não signifique o estado de agravamento das dificuldades”.
Citando o exemplo da Empresa Nacional de Aeroportos e Segurança Aérea (ASA), Rui Semedo pediu ao PR que tenha em conta “a violação do direito dos trabalhadores”, para que “não se reduza os salários e direitos quando não há nenhuma norma que indique neste sentido”.
Por sua vez, o presidente da União Cabo-Verdiana Independente e Democrática (UCID), António Monteio, disse que com esta decisão o Presidente da República está a contribuir para que o vírus não propague de forma acelerada entre a sociedade civil destas duas ilhas.
“Espera que o Governo tome todas as medidas necessárias para que nestas duas ilhas as pessoas que tenham mais dificuldades e rendimentos muito baixo não continuem a sofrer por causa do estado de emergência”, declarou António Monteiro à RCV, para quem “os 12 dias podem ser de muito sofrimento para essas pessoas”.
Apesar de congratular-se com as medidas de apoio aprovadas pelo Governo o presidente da UCID, disse que na prática “milhares de pessoas” continuam à espera, pelo que, defendeu a “criação de mecanismos” para que esses apoios cheguem às pessoas para que possam “ficar em casa e não serem veículos de transmissão da covid-19”.
O líder da UCID também pediu que não se suspenda os apoios para São Vicente, mesmo com o término do estado de emergência, devido ao número elevado de pessoas que passam por dificuldades por terem perdido o emprego e o restabelecimento das ligações marítimas entre as ilhas sem casos de covid-19 para retomar a economia.
De acordo com a última actualização do Ministério da Saúde, o número total de casos confirmados de infecção pela covid-19 em Cabo Verde é de 122, sendo 18 recuperados. Registou-se ainda dois mortos, um cidadão inglês de 62 anos e uma idosa de 90 anos do concelho da Praia.
CD/CP
Inforpress/Fim