Covid-19: Pandemia demonstrou como a saúde mental é fundamental – Matshidiso Moeti/OMS África 

Cidade da Praia, 10 Out (Inforpress) –  A directora regional da Organização Mundial da Saúde para a África, Matshidiso Moeti, defendeu hoje que a pandemia provocada pelo covid-19 demonstrou “mais do que nunca” como a saúde mental é fundamental para o bem-estar geral.

Na sua mensagem alusiva ao Dia Mundial da Saúde Mental, que se celebra hoje, 10, Matshidiso Moeti asseverou que a saúde mental se trata de uma área onde “é urgentemente necessário investir”.

“A nível mundial, uma em cada quatro pessoas será afectada por uma perturbação mental numa determinada altura da sua vida e, na Região Africana da Organização Mundial da Saúde (OMS), a despesa pública por habitante que sofre de problemas de saúde mental é inferior a 10 cêntimos”, revelou a responsável.

A maioria dos serviços de saúde mental, avançou, é paga directamente pelos doentes e pelos seus cuidadores, salientando que para os agregados familiares com baixos rendimentos e outros grupos vulneráveis, o custo destes cuidados essenciais pode causar dificuldades financeiras.

Entretanto, para a Matshidiso Moeti, os esforços que se leva a cabo para alcançar a cobertura universal de saúde devem também garantir que as pessoas afectadas por problemas de saúde mental “não fiquem para trás”.

“As restrições à circulação e ao ajuntamento de pessoas, a perda de empregos, a morte de entes queridos e a propagação do vírus causado pela covid-19 suscitaram medo, ansiedade e depressão”, afirmou adiantando que se verificou um aumento no número de casos de violência exercida pelo parceiro íntimo e de suicídios.

As necessidades em matéria de saúde mental, segundo a responsável, são significativas na Região Africana, onde quinze dos principais 30 países a nível mundial com a maior taxa de suicídio por cada 100 000 pessoas situam-se naquela região.

“Embora muitos países tenham elaborado políticas nacionais de saúde mental, a disponibilidade dos serviços é muitas vezes limitada a instituições especializadas nas capitais”, realçou a directora da OMS para África.

A nível mundial, apontou, existem nove profissionais de saúde mental por cada 100.000 pessoas, e na Região Africana, esta taxa cai para 0,9 e, entre esta força de trabalho, um terço são trabalhadores não profissionais, o que significa que existe uma “grande escassez” de psiquiatras e psicólogos nos países africanos.

De acordo com a Matshidiso Moeti, em alguns países estão a realizar progressos, como Cabo Verde, Quénia, Moçambique, Ruanda e Uganda, onde os governos se comprometeram a descentralizar os serviços de saúde mental, afastar-se dos cuidados de base institucional e reforçar os cuidados de saúde primários e comunitários.

Porém, garantiu que a organização está a colaborar com os governos para rever a legislação sobre a saúde mental e as políticas conexas, e para reforçar as capacidades através do programa de acção elaborado pela OMS para colmatar as lacunas na saúde mental.

Contudo, Moeti apelou aos governos, aos parceiros e às comunidades para que promovam intervenções sociais, tais como o reforço do apoio aos pares, a reintegração dos doentes com uma longa estadia hospitalar nas comunidades, de entre outros.

O Dia Mundial da Saúde Mental é celebrado anualmente a 10 de Outubro, sob a responsabilidade da Organização Mundial de Saúde (OMS), e este ano a campanha decorre sob o lema; Saúde mental para todos: maior investimento maior acesso.

TC/FP

Inforpress/Fim

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