Covid-19/Maio: Artesão Manuel Silva diz que tem passado por momentos difíceis com a pandemia

Porto Inglês, 07 Out (Inforpress) – O artesão maiense Manuel Silva, considerado um dos mais antigos e multifacetado neste ofício, disse à Inforpress que tem vindo a passar por momentos difíceis com a pandemia de covid-19, por não estar a conseguir ter nenhum rendimento.

Em conversa com a Inforpress, o artesão começou por explicar que esta pandemia veio justamente no momento em que estava a fazer uma grande produção para a realização de exposições e vendas dos seus produtos em outras ilhas, por isso, na altura, apostou toda a sua economia na aquisição de materiais e pagamento de mão-de-obra.

Com a situação de pandemia, o artesão sublinhou que todo o seu projecto ficou cancelado e a sua produção engavetada e, durante praticamente sete meses não consegui obter nenhum rendimento, visto que vive exclusivamente da arte.

Manuel Silva lamenta o facto de nenhuma entidade local ou mesmo nacional ter apoiado os artesãos, particularmente no seu caso, “nem sequer com uma palavra de conforto ou incentivo”.

Confessa que é difícil viver exclusivamente da arte na ilha do Maio, algo que veio a tornar-se praticamente impossível com a pandemia, pelo que estava a espera de algum apoio do pelouro da Cultura da Câmara Municipal, tendo em conta que ele é o rosto da ilha em praticamente todos os eventos nacionais relacionados com artesanato.

Desta forma, disse sentir-se “desmotivado” para continuar a trabalhar nesta área no Maio, e admite a possibilidade de deixar a ilha e procurar um outro lugar onde terá mais rendimento e que sente mais valorizado pelo trabalho que faz.

Manuel Silva lamenta, entretanto, que a vila da Calheta vai perder e muito com a sua partida, porque sazonalmente alguns jovens trabalham com ele na oficina de artesões da Calheta, pelo que poderão não ter essa oportunidade.

“É triste que durante todo esse tempo de confinamento, não vi nenhum agente da câmara municipal para me perguntar como é estou, quanto mais para me enviar uma cesta básica ou algo de género, por isso sinto-me magoado com as entidades local”, salientou.

O descontentamento, conforme contou Manuel Silva, é extensivo ao INPS pela forma como foi tratado pelo instituto durante esse período, visto que, segundo disse, paga a sua contribuição mensal e só foi-lhe atribuído apenas um montante de dez mil escudos referente a um mês.

Manuel Silva é de opinião que também o Ministério da Cultura deveria ter um papel mais interventivo e mais direccionado para esta camada, porque conforme defendeu, nem sempre os fazedores da cultura conhecem todos os caminhos e procedimentos para conseguirem algum apoio.

Sintetizou, afirmando que a tradição e originalidade, no que tange a artesanato na ilha do Maio está a correr sérios riscos, porque praticamente tudo está a cair em desuso, isto porque, não se está a preservar a tradição e nem a introduzir a modernidade.

De salientar que Manuel Silva, recebeu do Centro Nacional de Arte, Artesanato e Design (CNAD), durante a edição de URDI de 2019, realizado em São Vicente, evento que vem participando regularmente, o cartão de artesão, pelo tempo que tem vindo a desempenhar a função e pela qualidade dos seus trabalhos.

WN/CP

Inforpress/Fim

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