Covid-19: Ex-PR do Brasil Lula da Silva apela à destituição de Jair Bolsonaro

Brasília, 23 Abr (Inforpress) – O antigo Presidente brasileiro, Lula da Silva, apelou hoje à destituição do actual chefe de Estado, Jair Bolsonaro, alegando falta de condições para governar o país sul-americano num momento de pandemia da covid-19 e tentativa de destruição da democracia.

“A verdade é que Bolsonaro não tinha condições de governar o Brasil em tempos de normalidade, quanto mais nessa crise. Ele deveria ter procurado nos governadores e nos prefeitos parceiros para coordenar essa crise, discutindo cada medida com os entes federados”, escreveu Lula da Silva, numa série de mensagens partilhadas na rede social Twitter.

O ex-Presidente acrescentou: “É preciso começar o ‘Fora Bolsonaro’ porque não é possível permitirmos que ele destrua a democracia. As instituições já deveriam ter reagido”.

O antigo chefe de Estado acusou Jair Bolsonaro de transformar em “inimigos” os governadores que decretaram duras medidas de isolamento social face à pandemia provocada pelo novo coronavírus, como o de São Paulo, João Doria, e o do Rio de Janeiro, Wilson Witzel.

“O problema do Bolsonaro é que ele não pensa em governar o país. Ele transformou os governadores de São Paulo, Rio de Janeiro e da região Nordeste em inimigos, só porque o contrariam. Ele acha que é normal uma mãe enterrar um filho sem poder ver a cara dele? Estamos nessa situação”, indicou o histórico líder do Partido dos Trabalhadores (PT).

Lula da Silva apelou ainda à “solidariedade” dos empresários, para que forneçam “luvas, máscaras e transportes públicos higienizados” para que os seus funcionários possam voltar ao trabalho em segurança.

“Quero saber o seguinte: os empresários estão a dar garantia de vida aos funcionários que querem que vão trabalhar? Eles vão ter segurança? Vão dar protecção no local de trabalho? No autocarro? Porque o que os governadores querem evitar é que o povo pegue coronavírus e morra. (…) As pessoas precisam entender que não estão morrendo números. São seres humanos”, sustentou Lula.

“O Brasil não merece o Bolsonaro. E o Bolsonaro não merece ser Presidente”, frisou o antigo chefe de Estado do Brasil.

Jair Bolsonaro disse na segunda-feira esperar que as medidas de isolamento social determinadas pelos governadores dos estados brasileiros para conter o novo coronavírus sejam levantadas esta semana, antes do pico da pandemia no país.

Segundo Bolsonaro, “dá para recuperar o Brasil ainda” e a população deve voltar a fazer as suas actividades normais já que muitas pessoas “não tem como ficar em casa porque o frigorifico está vazio”.

Desde o registo dos primeiros casos da doença covid-19 no país, em Fevereiro último, Jair Bolsonaro mostrou-se crítico das acções de isolamento social impostas por governos regionais, que orientaram a população para ficar em casa e determinaram a restrição das actividades do comércio e de empresas que prestam serviços não essenciais.

Bolsonaro chegou a ameaçar assinar um decreto ordenando o fim do isolamento social em todo o território brasileiro, mas não o fez temendo reacções políticas e jurídicas.

Porém, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu na semana passada que estados e municípios têm autonomia para determinarem medidas para enfrentar o novo coronavírus.

As declarações de Lula da Silva ocorreram após uma decisão do directório nacional do PT, tomada na noite de quarta-feira, de defender a saída de Jair Bolsonaro do cargo presidencial.

“O Brasil e as instituições estão diante de uma escolha entre Bolsonaro ou a democracia. […] Preservando a nossa identidade e compromissos com os trabalhadores, o PT vai somar esforços com todos os democratas, de forma a aglutinar uma ampla frente com partidos e organizações da sociedade para salvar o país de Bolsonaro e seu Governo”, indicou em comunicado o partido.

“É hora de colocar um ponto final no Governo Bolsonaro, essa página nefasta da história do Brasil. Em defesa da vida, dos empregos e da democracia: fora Bolsonaro!”, concluiu o PT.

Lula da Silva foi condenado em dois processos por corrupção e tem pelo menos sete outras investigações contra si. Esteve preso durante 580 dias, tendo sido colocado em liberdade em Novembro passado.

O número de mortes pelo novo coronavírus no Brasil chegou a 2.906 e os casos confirmados a 45.757, informou na quarta-feira o executivo, acrescentando que nas últimas 24 horas o país contabilizou 165 óbitos e 2.678 infectados.

A nível global, segundo um balanço da AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 184 mil mortos e infectou mais de 2,6 milhões de pessoas em 193 países e territórios.

Inforpress/Lusa

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