Pedra Badejo, 01 Mai (Inforpress) – A presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde disse hoje que antes da pandemia da covid-19 o contexto laboral já apresentava sinais de preocupação, devido ao incumprimento de quase todas as promessas feitas aos trabalhadores cabo-verdianos.
Em comunicado, a propósito do Dia do Trabalhador, que se assinala hoje, 01 de Maio, Janira Hopffer Almada, afirmou que a data é importante porque simboliza as vitórias da classe trabalhadora na luta para a sua emancipação, assim como a afirmação dos seus direitos, visando melhores condições de vida.
“No contexto em que vivemos este ano, ensombrado pela pandemia da covid-19 e com muitas incertezas, a comemoração da data assume um contorno particular porque, simultaneamente, não permite actos públicos de reivindicação e deixa antever momentos difíceis nos dias que aí vêm”, lê-se no documento.
Ao seu ver, a pandemia provocada pelo novo coronavírus criou “gigantescas incertezas”, que aumentou, “grandemente” os receios num futuro imprevisível de centenas de trabalhadores e a angústia de milhares de cidadãos.
“Mas, não deixa de ser evidente que, antes da pandemia, o contexto já apresentava sinais de preocupação, considerando o incumprimento de quase todas as promessas feitas aos trabalhadores cabo-verdianos e que, passados esses quatro anos, não saíram do papel”, lembrou.
Pois, no seu entender, o “tão propalado crescimento do País” não se vislumbrou medidas direccionadas para a melhoria das condições de rendimentos e do aumento do poder de compra dos trabalhadores, como era a expectativa.
“As promessas de actualização anual dos salários caíram no esquecimento e os funcionários cabo-verdianos tiveram um único aumento salarial de apenas 2,2 por cento (%), mas abrangendo apenas para 8% dos funcionários, apesar de o compromisso ter sido de se fazer a actualização anual dos salários e das pensões”, demonstrou.
Do ponto de vista do maior partido da oposição, está-se perante uma “situação incompreensível”, que se estende, também, à não-efectivação da “prometida” redução fiscal em 1% por ano.
“Lamentavelmente, o que se assistiu nestes quatro anos de mandato foi a promoção da desigualdade e uma consciente discrepância no acesso aos cargos públicos, lançando por terra o sonho de milhares de cabo-verdianos que, por mérito e competência, sonhavam progredir pela via do concurso”, notou.
“Os estágios profissionais, apesar de serem uma boa medida de política, criada, em Cabo Verde, desde 2007, não podem substituir os empregos dignos, prometidos aos Jovens Cabo-verdianos”, enfatizou.
O líder do PAICV afiançou que quem governo o País deve ter sempre em consideração o povo e nunca só uma parte da população.
“E, em nenhuma circunstância, pode aproveitar a crise, para promover mudanças em Sectores Estratégicos, colocar em risco o Sistema de Segurança Social, estimular o despedimento de centenas de trabalhadores e incentivar a supressão de direitos adquiridos dos trabalhadores, pondo claramente em causa os rendimentos das famílias e a estabilidade social, tão necessária a Cabo Verde”, alertou.
O PAICV mostrou-se consciente do “momento difícil” que o País está a enfrentar, mas assegurou que o partido mantém convicto de que, nesta luta, os trabalhadores cabo-verdianos estão e estarão na linha da frente do combate.
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