Brava: Barbinha completa 21 anos a festejar Santa Cruz devido a uma promessa e movida pela fé

Nova Sintra, 03 Mai (Inforpress) – Maria Gonçalves, mais conhecida por Barbinha, da localidade de Braga, ilha da Brava, completa hoje 21 anos a festejar Santa Cruz na zona de Favatal, fruto de uma promessa e da fé que deposita nessa santa.

Barbinha tem 62 anos e é diabética, mas, mesmo assim, todos os anos nesta época já está preparada para cumprir a sua missão.

Este ano, devido à situação vivida no mundo e no País, provocada pela pandemia de covid-19, festejou de uma forma diferente, fazendo a distribuição de cestas básicas a algumas famílias, escolhidas pelos emigrantes que a apoiam, colocaram a cruz no lugar de sempre, com a presença de sete pessoas e fizeram uma canja para oferecer a qualquer pessoa que passar pelas redondezas.

Segundo esta festeira, há 21 anos, uma senhora de 88 anos que festejava Santa Cruz e como já se sentia um pouco debilitada e impossibilitada de continuar esta missão, no meio de todos que aí se encontravam, incumbiu-lhe esta missão de dar continuidade aos festejos.

Conforme contou Barbinha, quando assumiu o compromisso, esta festa era feita com pedaços de pão, café ou sumo, conforme a possibilidade dos festeiros, que eram colocados numa toalha no chão e cada um dos presentes neste ritual se servia.

Após tomar a responsabilidade, Barbinha começou a cozinhar e no primeiro ano, fez uma panela e ao chegar no quarto ano já fazia seis, sendo que este ano pretende fazer mais do que dez, quantidade que vem cozinhando há já vários anos.

Mas, a festeira deixou bem claro que ela faz a festa e a comida, mas que não é com o seu dinheiro, pois, ela vive com o que ganha da sua pensão.

Na verdade, explicou, a ajuda financeira vem da população bravense e dos emigrantes, que contribuem cada um conforme a sua possibilidade, até porque, como salientou, se for uma caixa de fósforos que seja, também “é bem-vinda”.

Entretanto, ela chamou a atenção, acrescentando que fazer esta festa não é só comida e os outros rituais, mas sim é “necessário colocar no pensamento e na memória o que realmente significa a Cruz que é festejada”.

De acordo com a mesma, este ano calhou numa “época especial”, tendo em conta que há pouco tempo celebrou-se a Paixão de Cristo e a Páscoa, e a Cruz é a celebração da morte e Paixão de Cristo.

Em termos de tradição, Barbinha explicou que a festa, normalmente inicia no dia 02 com o “pilon” e no dia 03, na parte da manhã, vão à igreja assistir a missa, vestem a Cruz de capa vermelha, colocam flor, e andam nas ruas de casa em casa, tocando trombeta, com as coladeiras, tocam tambor e há bailarinas que dançam a “colinha”, uma dança especial em que vão trajados de saia e calça preta, com camisas vermelhas.

Só que este ano, tudo foi diferente. Não teve vésperas, nem missa, nem nada do que é de costume.

Esta festeira contou que habitualmente, tem mais de 200 pessoas para dar comida, pois a festa já não é somente da Brava, mas vêm pessoas de outras ilhas, turistas e emigrantes, participarem neste ritual, mas devido a situação esta parte também vai ficar adiada.

E é assim que lembra aos cavalheiros que fizeram promessa no ano anterior que a Santa Cruz “não morreu” e que tem fé que no próximo ano tudo vai estar normalizado, podendo cada um pagar a sua promessa.

“Tenho povo mais do que comida e é assim que espero contar no próximo ano. E que o pouco que tiver possa chegar a todos como em todos os anos anteriores”, finalizou a festeira, salientando que todos os anos, na altura de suspender a cruz, são muitos que colocam a mão, mas não dá a ninguém para levar e festejar na sua casa ou na sua zona.

MC/CP

Inforpress/Fim

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