Nova Sintra, 23 Out (Inforpress) – Os agricultores e criadores de gado da freguesia de Nossa Senhora do Monte, na Brava, temem que a situação da seca perdure por sete anos, como costuma-se dizer a lenda popular, já que caminha-se para o quarto ano consecutivo.
A Inforpress fez uma ronda por algumas zonas agrícolas e em alguns locais deparou-se com jovens e pessoas mais idosas a esconder do sol escaldante que se fazia sentir, e em Tomé Barraz, João Pedro contou que a situação na ilha e principalmente nas zonas mais agrícolas é “muito crítica”, justificando que além de não ter tido chuvas suficientes para garantir o ano agrícola, este ano nem pasto há para os animais.
E, por não haver pasto, João Pedro considerou que este factor faz o ano ser mais “crítico” do que os anteriores, pois, sem agricultura e sem criação de gado, as duas actividades económicas “mais significativas” na ilha, a situação da população e dos jovens, principalmente, só vai complicar ainda mais.
“Esta situação é lamentável e desanimadora porque, principalmente nas zonas onde a população vive da criação de gado e da agricultura de sequeiro o cenário não está nada bem”, disse a mesma fonte, indicando as zonas de Cachaço, Mato, Baleia, Mato Grande, Campo Baixo, entre outras localidades.
Pois, conforme reforçou, não há colheita e igualmente não há pasto porque os terrenos estão praticamente limpos e o pouco de pasto que tem não vai sustentar os animais durante os próximos tempos, o que já levou muitos criadores a vender os seus animais por um preço inferior ao que custam.
E assim, os agricultores e criadores de gado temem que o próximo ano seja de seca, pois, caso contrário o cenário vai caminhar-se para os sete anos de seca como diz a lenda popular.
Igualmente, “Quim” da localidade de Tomé Barraz, falou com tristeza nos olhos, lamentando o estado em que as plantações se encontram, realçando que com as primeiras chuvas já estavam animados, mas, reforçou que o ano agrícola só é garantido com chuvas no mês de Setembro, o que não aconteceu.
“Se não chover em Setembro, pior Outubro que é um mês ingrato”, considerou, acrescentando que este ano nem pasto para os animais há.
“Será um ano de crise para o país. Muitos investiram muito dinheiro e não haverá retorno e nem lucro e com o desânimo que já tomou conta da população no próximo ano, a maioria não vai semear, contribuindo para mais terrenos desertos e bravos na ilha”, enfatizou.
Para a camada jovem, afiançou que a situação será crítica também, justificando que alguns ganharam alguns dias de trabalho na sementeira, mas não deu para fazer mais algum dinheiro ou economia porque não tiveram oportunidade de trabalhar na monda.
Daí aproveitou a oportunidade para apelar ao Governo e às entidades responsáveis pelos sectores de emprego público para “procurarem” soluções e apresentar algumas opções de trabalho, principalmente para os jovens porque a situação está a ficar cada vez mais crítica.
Já na localidade de Cachaço, Benvinda Pinto, uma moradora contactada, contou que o cenário talvez seja mais crítico do que em outras localidades, pois esta zona já é quente e árida, com a falta da chuva tudo piorou, indicando que qualquer planta que estiver a nascer o sol escaldante que se faz nestes dias acaba por queimá-la logo.
Neste momento, conforme a mesma fonte, os pastores já começaram a vender o seu gado por um preço inferior ao custo real porque não há pasto para os animais e se no próximo ano repetir o mesmo cenário, a classe diz desconsolada pois já é para “contar com os sete anos de seca”.
MC/CP
Inforpress/Fim