BCV prevê que PIB de Cabo Verde deverá crescer em torno de 6,6% em 2021 

Cidade da Praia, 29 Out (Inforpress) –  O Produto Interno Bruto (PIB) deverá crescer em torno de 6,6% em 2021, representando uma revisão em alta em +0,8 pontos percentuais face às projecções divulgadas em Abril, anunciou hoje o governador do Banco de Cabo Verde (BCV).

Óscar Santos avançou esta informação em conferência de imprensa, hoje, na sede do BCV, na Cidade da Praia, para a apresentação do Relatório de Política Monetária.

Na sua intervenção, o governador disse que o desenvolvimento macro financeiro do País e dos seus parceiros continuaram nos últimos seis meses a ser marcado pela crise sanitária global.

“De acordo com as estatísticas disponíveis, denotam-se alguns sinais de recuperação da actividade económica nacional, associados à reabertura gradual da actividade económica, com o avanço da taxa de vacinação no País.  Tal tem propiciado algum alívio nas restrições impostas como medidas de prevenção à propagação da Covid-19”, disse.

Óscar Santos relembrou, igualmente, que foi implementado um conjunto de medidas coordenadas de políticas orçamental e monetária acomodatícias, consideradas “assertivas”, contribuindo para a mitigação de eventuais efeitos mais gravosos da referida crise. 

“Com efeito, o PIB em volume no País cresceu 5,6% em termos homólogos no primeiro semestre, não se descurando, no entanto, do efeito de base, considerando os estados de emergência decretados durante o primeiro semestre do ano transacto”, informou.

Óscar Santos frisou ainda que as economias da Zona do Euro, dos EUA e do Reino Unido, principais parceiros económicos de Cabo Verde, registaram também uma recuperação da actividade económica, com particular ênfase no segundo trimestre deste ano, marcado pelo avanço dos programas de vacinação e progressiva reabertura das actividades económicas e pelos efeitos dos contínuos apoios das medidas de políticas orçamental e monetárias acomodatícias.

Num contexto de recuperação da procura interna e de um aumento dos preços das matérias-primas energéticas e não energéticas no mercado internacional, o responsável disse que as pressões inflacionistas, em Cabo Verde, dão sinais de “algum aumento”.

“Particularmente, a taxa de inflação homóloga aumentou de zero por cento em Março para 2,4% em Agosto. A taxa de variação média dos últimos doze meses do índice de preços no consumidor cifrou-se em 0,5%, mantendo, no entretanto, a tendência de estabilidade e moderação, característica dos últimos anos”, completou.  

No que concerne às contas externas, o governador do BCV referiu que se mantém a tendência de agravamento, reflexo da substantiva redução das exportações, principalmente de serviços ligados ao turismo e transportes, num contexto onde as importações também reduziram, mas a um ritmo muito inferior.

“Não obstante, as reservas oficiais mantiveram-se num nível relativamente confortável permitindo financiar 6,9 meses de importações de bens e serviços projectadas para 2021”, explicou.  

No sector monetário, avançou Santos, registou-se uma contracção da oferta monetária em 1,2%, entre Dezembro de 2020 e Agosto de 2021, determinado sobretudo pela redução do estoque de reservas internacionais líquidas do País, num contexto de aumento do crédito à economia e do crédito ao Governo central, em 4,5% e 15,5%, respectivamente.  

“Com a evolução mais favorável da actividade económica aliada à expectativa de alguma retoma do turismo no último trimestre, no pressuposto de controlo da situação pandémica no País, fundamentam perspectivas económicas mais optimistas para o final de 2021”, elucidou.

Para Óscar Santos, a aceleração do processo de vacinação em curso continuará a ser “determinante” para conter a propagação da covid-19, permitindo antecipar o alívio das restrições à actividade económica e propiciando “um cenário favorável” para o crescimento da economia nacional.  

“Neste sentido, o PIB deverá crescer em torno de 6,6%, em 2021, ou seja, uma revisão em alta, +0,8 pontos percentuais face às projecções divulgadas em Abril”, disse.  

Óscar Santos afirmou ainda que com a economia a crescer a taxa média anual da inflação deverá aumentar para 1,6% até ao final do ano, reflectindo o “perfil ascendente” dos preços das matérias-primas energéticas e a sua transmissão aos preços internos com a actualização em alta dos preços administrados de combustíveis, da electricidade, o aumento da procura interna, e “algum condicionamento” na oferta de alguns produtos, bem como o efeito de base.

GSF/AA

Inforpress/Fim

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