Cidade da Praia, 24 Nov (Inforpress) – A Associação Sindical dos Jornalistas de Cabo Verde (AJOC) pediu hoje atenção à situação laboral precária de muitos jornalistas e à acções de entidades empregadoras que possam configurar ataques contra jornalistas e à liberdade de imprensa.
O presidente da AJOC, Geremias Furtado, em declarações à Inforpress por ocasião da comemoração do 31º aniversário da AJOC, que se assinala hoje, 24 de Novembro, começou por parabenizar a todos os jornalistas membros da organização, especialmente os sócios fundadores que, “numa altura crucial”, nos anos 90, deram corpo à associação.
Este responsável aproveitou ainda para expor um conjunto de situações que preocupam a associação sindical, afirmando que a direcção nacional da AJOC aproveita esta data para apelar a todos à uma reflexão em torno da situação da Comunicação Social no País.
“Pedimos reflexão porque, embora no seu último relatório a Repórteres Sem Fronteira (RSF) ter pontuado a ausência de ataques contra jornalistas em Cabo Verde, acreditamos que eles existem, não casos de agressão e assassinato, mas sim pressões de ordem psicológica e moral”, frisou.
Geremias Furtado disse ainda que, embora a AJOC regista com “muito apreço” o facto de não ter havido casos de despedimentos de jornalistas e demais profissionais da comunicação social com a justificativa da covid-19, condena o facto de muitos jornalistas e estagiários, tanto dos órgãos públicos, como dos órgãos privados, terem sido sujeitos a situações de precariedade laboral e de exposição ao vírus.
“Há, por exemplo, jornalistas que se deslocavam e ainda se deslocam de autocarro para as reportagens. Entretanto, ninguém apresentou uma queixa formal à AJOC ou outra entidade, a Inspecção Geral do Trabalho, por exemplo, para pôr cobro à situação, isto talvez se justifica pelo medo que muitos têm de perder o seu posto de trabalho”, acrescentou.
Outra preocupação apontada por Geremias Furtado tem a ver com o Programa de Estágios Profissionais. Segundo queixou, este programa tem sido usado por órgãos de comunicação social, tanto público, como privado, para “a exploração” de jovens recém-formados jornalistas.
“Sabemos que há órgãos de comunicação que estão a recusar pagar a parte que lhes cabe, deixando os jovens auferirem apenas da parte do Governo, disponibilizada pelo Instituto Emprego e Formação Profissional (IEFP). Uma prática que fere o jornalismo, uma vez que jovens jornalistas já começam a ser explorados e deixados em situações de vulnerabilidade, logo no início das suas carreiras profissionais”, ressaltou.
Geremias Furtado disse ainda ser “pena” que tais situações continuem a ser escondidas pelas próprias vítimas, o que, de certa forma, realçou, acaba legitimando os ataques que vêm sofrendo ao longo dos tempos.
“Precisamos nos unir cada vez mais e pôr cobro a determinadas situações que minam a liberdade de imprensa em Cabo Verde. Todos sairemos a ganhar. A AJOC continuará firme e forte nos seus objectivos, esperando continuar a contar com a colaboração de todos vós, caros associados”, pontuou.
Para marcar a data, a AJOC irá promover nos próximos dias tertúlias sobre o jornalismo em diferentes escolas secundárias do País, com o objectivo de fazer com que os alunos saibam a importância do jornalismo e despertem o interesse pela profissão.
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