Cidade da Praia, 30 Mar (Inforpress) – A Comissão Ad-hoc da Rede de Organização de Pesca Artesanal de Cabo Verde (ROPA-CV) está a encetar contactos com a rede dos operadores da pesca semi-industrial, para a implementação do Fórum Nacional de Pesca, funcional, dentro de um ano.
Em entrevista à Inforpress, o presidente desta Comissão Ad-hoc, Paulo Varela, adiantou que a ROPA-CV, fundada no interior de Santiago em 2006, tem a missão de criar condições para que o pescador cabo-verdiano artesanal tenha melhores condições de trabalho e de uma forma organizada.
De acordo com o plano de trabalho, a organização pretende nos primeiros três meses “aguentar esta condição difícil”, para nos seis meses seguintes trabalhar na organização das associações mediante um inventário em cada comunidade, para nos meses posteriores trabalhar na formalização da rede em termos dos seus órgãos.
Tem a previsão para em Fevereiro de 2021 comemorar o Dia do Pescador, numa assembleia-geral, de forma que em Março possa ter condições de apresentar ao país uma organização à altura de ser uma parceira do Estado.
Suportado ao longo da sua vigência pela Associação para a Defesa do Ambiente e Desenvolvimento (ADAD), enquanto organização “irmã”, a ROPA-CV aposta na criação e uma nova dinâmica que passa pela criação de uma comissão ad-hoc com representações das comunidades.
De momento tem estado a trabalhar com a rede dos armadores sob a competência da Arco-Pesca, organização sediada no Mindelo, e presidida por João Lima, que, segundo Paulo Varela, está a torcer pela institucionalização da ROPA-CV, porquanto esta rede do Mindelo está a responder pelos pescadores.
A rede tem focalizado a sua acção em desafios estruturais, designadamente questão ambiental, a preservação dos recursos, inclusive debate da forma como Cabo Verde coopera com parceiros internacionais, enquanto subscritor das normas internacionais de acordos, sobretudo com a Comunidade Europeia.
Quanto aos desafios locais da rede, Paulo Varela enumerou o acesso aos factores de produção básicos, a criação de uma rede nacional de lojas de pesca através da mobilização de privados que estejam interessados no sector, fazer chegar o combustível especial para a pesca a todas as comunidades, em parceria com a empresa nacional que gere o combustível e os lubrificantes.
Considera também “imperioso” melhorar e ajustar a frota às necessidades e melhorar a fiscalização e a actualização da legislação da protecção marítima e costeira, bem como a investigação e o aperfeiçoamento e instalação de novos dispositivos de concentração de peixes.
Também, a ROPA-CV tem estado em conversações com os emigrantes na Europa (Espanha, Portugal e França), interessados na integração desta rede, enquanto elo de ligação com o mercado europeu de aquisição e distribuição de material e equipamento de pesca.
Nesta perpectiva, explicitou Paulo Varela, pretende encontrar mecanismos que facilitem a vinda de equipamentos básicos como linhas, anzóis, redes, cordas, motores, peças de reposição, gelo e equipamentos de conservação e comercialização, bem como a conserva e a transformação voltada para o mercado interno.
SR/CP
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